A primeira vez que percebi que uma de minhas filhas já fazia suas coisas sozinha, manifestava uma forma de pensar e definia o caminho que pretendia seguir em sua futura profissão, foi o mesmo dia em que recebi a visita de meu pai e conversamos muito sobre todas as coisas pelas quais a vida o conduziu e como eu me deparava com o cenário que vivia de homem adulto e pai de família. Neste momento percebi quem realmente eu era, um elo entre duas etapas do viver que no futuro iriam se afastar e seguir sua própria jornada. Enquanto minhas filhas cresciam, definiam seus rumos, casavam, tinham seus filhos(as), tomavam a rédea de sua trajetória eu ficava a parte, como alguém que está junto, algumas vezes é ouvido e em outras tantas ignorado, mas sempre presente no cenário do viver dessas jóias que Deus me presenteou.
Enquanto isso fui acompanhando meu pai em seu caminho, indo adiante lentamente, e de forma suave rumou para a fronteira de outra vida e também está agora distante. Certamente onde está continua com o pensamento voltado para as coisas que aprendeu em sua passagem e nelas faz a recordação de sua obra ser inesquecível para os que foram adiante neste plano e assim o é.
Hoje vislumbro este elo como sendo ainda a forte ligação que uniu o aprendizado com a sabedoria, a descoberta com o conhecimento, o desbravar com o conquistar, enfim, sou a ligação que se mantém entre vidas e mundos, permanecendo fiel à origem de meu pai e tentando ainda alcançar de alguma forma a nova ligação com netos e netas que caminham guiados pelas mãos de minhas filhas, mas, certamente saberão construir seus destinos.
A única coisa que valeu a pena foi amar e ser amado, viver e desfrutar de todas essas emoções e continuar vivendo, de forma firme o rumo que traço para mim mesmo, carregando dentro de mim o amor que me foi dado e que sempre vou retribuir.
Obrigado Vida, que continuemos juntos por muito tempo.
