O Rio Grande do Sul investiu R$ 130 milhões em estradas nos últimos anos. Agora, o Governo Leite repete antecedentes históricos para entregar esses trechos à iniciativa privada, assombrando gaúchos e gaúchas com a retomada dos pedágios. Um verdadeiro soco no estômago do povo do Rio Grande. O modelo de concessão de rodovias dos governos liberais se baseia no discurso fácil de ser a solução definitiva para os problemas financeiros do Estado. Mas na verdade, o retorno atende apenas ao Mercado, sempre na defesa de políticas liberais, de privatizações e aniquilamento da estrutura do Estado, com cortes nos direitos sociais e do funcionalismo, nos recursos para saúde, educação e assistência social.
Leite é bolsonarista enrustido, e um militante dos interesses privados. E a afirmação do Secretário Extraordinário de Parcerias do seu governo, Leonardo Busatto, de que a ERS-118 poderá ficar mais 30 anos sem investimentos se não for concedida à iniciativa privada é uma ameaça direta do Governo. A entrega da ERS-118 em troca de simples manutenção da rodovia, penaliza a população com as cobranças abusivas numa lógica de exploração, que compromete o desenvolvimento dos municípios e dificulta a competitividade econômica da região. O Programa "Avançar”, batizado assim para mascarar o retrocesso que é a entrega das rodovias, promove um verdadeiro cercamento de pedágios pelas regiões do Estado.
O chamado "bloco 1", engloba o Vale do Gravataí e reúne Alvorada, Viamão, Glorinha e Gravataí. Segundo a proposta do governo esses municípios vão receber oito praças de pedágio, distribuídas pela ERS-020, em Morungava e Taquara, ERS-040 Viamão e ERS-118 em Gravataí. O plano avança para o Litoral Norte, abrangendo Santo Antônio da Patrulha e a Serra, com praças de pedágio em Parobé, Três Coroas, Gramado e São Francisco de Paula. Com isso, interliga as saídas em direção às principais regiões turísticas do Estado (Litoral e Serra), criando um verdadeiro cercamento com pedágios. Somente neste bloco serão 444,74 quilômetros de rodovias pedagiadas e mais de um milhão e meio de pessoas atingidas.
A proposta do governo prevê que as empresas dupliquem 666,20 quilômetros de rodovias, sendo apenas 22,20 quilômetros ao ano. Um verdadeiro absurdo, pois levará 30 anos, ou seja, todo período da concessão para se atingir a meta da duplicação. Outro descalabro serão os valores das tarifas, que ficarão entre R$ 5,28 e R$ 10,31, a depender do trecho e sem contar que teremos uma praça a cada 53 quilômetros.
No governo Tarso, a população gaúcha já havia feito a escolha do fim dos pedágios. Na ocasião, o governador foi eleito em primeiro turno para devolver ao Estado seu verdadeiro papel, que é o de estar ao lado da população, como um indutor do desenvolvimento de todas as regiões. Cabe agora, ao Povo gaúcho, indignado, levantar-se contra mais essa ameaça de exploração, fruto de uma ganância sem limites, e exigir que o Governo cumpra sua parte.
Outro aspecto pouco repercutido sobre os pedágios privados, é que sem eles, as empresas do entorno das praças conseguem reduzir consideravelmente seus gastos com logística o que repercute no aumento da geração de emprego e renda.
Há alternativas viáveis e econômicas que não sacrifiquem os motoristas e não empobreçam as regiões, um modelo diferente de pedagiamento, inspirado no comunitário, com tarifas reduzidas e as prioridades de obras definidas por meio do diálogo entre o governo e as regiões diretamente atingidas, que facilite o tráfego e induza desenvolvimento.
*Professora, deputada Estadual Suplente da Bancada do PT/RS