Uma publicação feita em 2015, pela administração municipal de Viamão, de então, mostra como era o lugar onde eram jogadas 140 toneladas de lixo por dia (p-o-r d-i-a!) sem qualquer controle ou preocupação com o meio ambiente. Literalmente: De lixão de novela à aterro controlado. Investimento de R$ 6 milhões transforma lixão em área recuperada
Na íntegra o que nós, jornalistas, chamamos de lead (texto de abertura, introdução) em uma reportagem:
A maior cidade em extensão territorial da Região Metropolitana apresenta, neste relatório, as ações desenvolvidas pela atual gestão na área ambiental, com o foco no desenvolvimento sustentável, respeitando a natureza e cuidando das pessoas. Em dois anos e meio, diversas ações estão concretizando este planejamento: a criação da Secretaria do Meio Ambiente; o investimento de R$ 6 milhões na recuperação do Aterro do Passo do Morrinho; o incentivo à tecnologias limpas e à energia eólica; a criação do Plano Municipal de Saneamento Básico e de Resíduos Sólidos; a criação da Lei de Limpeza Urbana e da Lei da Mineração; a recuperação da Praça da Bica.
A Terra das Oportunidades está preparada para que sua natureza exuberante, seus lagos e lagoas, sua costa de mais de 100 quilômetros, seus ativos minerais e ecológicos, tragam riqueza aos seus habitantes, respeitando os limites de uso dos recursos naturais. O potencial turístico de Viamão começa a ser descoberto.
Aos fatos!
DIA 2 DE JANEIRO DE 2013, primeiro dia útil de gestão. O prefeito Valdir Bonatto vai até o depósito de lixo da cidade. Se depara com a cena clássica de novelas e filmes. UM VERDADEIRO LIXÃO. ACESSO DESCONTROLADO,
SEM PORTÃO NEM GUARDAS. Mais de 10 toneladas de lixo despejadas diariamente sem nenhum tipo de cuidado, aumentando a cada dia uma montanha de sujeira, mau cheiro e danos ambientais. Risco permanente para catadores e animais que circulavam livremente no meio do lixo.
De lixão de novela à aterro controlado
Investimento de R$ 6 milhões
transforma lixão em área recuperada
DIA 1º DE JUNHO DE 2015, 880 dias depois. Todo caminhão que chega ao aterro controlado é prontamente pesado e identificado. A MONTANHA DE LIXO JÁ NÃO EXISTE. As 140 toneladas diárias que o aterro recebe são prontamente cobertas com argila. Quatro tanques de chorume equipados com bombas fazem a circulação deste resíduo. A máquina de PAVs está em funcionamento, com meta de entregar 12.000 peças por mês. O FECHAMENTO DEFINITIVO DO ATERRO ESTÁ PRÓXIMO.
O LIXÃO RECEBIDO – Falta de controle
de entrada, resíduos misturados, lixo
exposto: o cenário caótico
encontrado em janeiro de 2013
O local está sem licença de operação (LO) da FEPAM desde 2006, devido ao descumprimento das normas por parte da gestão da época. EM 2006 A PREFEITURA FIRMOU COM A FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE (FEPAM) UM TERMO DE COMPROMISSO AMBIENTAL – TAC, o qual foi aditivado novamente em 2007. Como A GESTÃO DO ENTÃO PREFEITO ALEX BOSCAINI NÃO CUMPRIU O TERMO, em 2009 a FEPAM solicitou judicialmente através de ação civil pública, a imediata interdição do depósito e a recuperação da área sem uso. NO PERÍODO ENTRE 2004 E 2012, POUCO OU NADA FOI FEITO. EM 2013 A SITUAÇÃO ERA CAÓTICA. A Fepam cobrava uma multa de mais de R$ 1 milhão e o cenário encontrado era desolador:
– RESÍDUOS MISTURADOS (madeira, resíduos da construção, latas com solventes, resíduos de saúde e aparas de couro, etc…);
– FALTA DE VIGILÂNCIA ou guarda municipal, nenhum controle de chegada e saída de veículos e pessoas;
– CAMINHÕES DE RESÍDUOS de outras localidades descartando resíduos perigosos;
– ÁREA DEGRADADA COM CHORUME EXPOSTO; Contaminação do lençol freático com chorume acumulado em poças localizado nas bernas extravasando os taludes; Extravasamento do chorume na lagoa de decantação;
– ATERRO SEM COBERTURA e dreno de biogás;
– FALTA DE ÁREAS DE DESCARGA;
– FALTA DE PLACAS DE ADVERTÊNCIA e informações sobre horários de funcionamento;
– CATADORES ANÔNIMOS SEM AUTORIZAÇÃO e sem equipamentos de segurança de trabalho;
– FOCOS DE INCÊNDIOS;
– RESÍDUOS ACUMULADOS, sem controle formando verdadeiras montanhas de lixo, sem recobrimento e com risco de desmoronamento;
– LIXO EXPOSTO SEM COBERTURA (argila), exalando mau cheiro e atraindo animais (aves);
– IMPACTO AMBIENTAL na vegetação e no solo do entorno;

A TRANSFORMAÇÃO
Cobertura do aterro, controle rigoroso de entrada,
separação de material inerte, confecção de PAVS
A PARTIR DA VISITA DE 2 DE JANEIRO DE 2013, MEDIDAS PRÁTICAS JÁ FORAM TOMADAS. Além de um controle de entrada rigoroso, foi acordado que, no primeiro momento, apenas as empresas locais de recolhimento de entulho poderiam fazer o descarte de material no local e que deveriam regularizar-se junto à Prefeitura,
pois, todas operavam com alvará provisório.
No começo de fevereiro, uma cooperativa começou a implementar o centro de processamento de resíduos e organizar a gestão ambiental da área do aterro, com o assessoramento especializado, ficando responsável pela separação do material recebido dos caminhões. COM ESTA AÇÃO, A PREFEITURA CRIOU ALTERNATIVAS
PARA O REAPROVEITAMENTO DO MATERIAL CONHECIDO COMO CALIÇA.
Em 14 de fevereiro, o governo municipal colocou em funcionamento o britador, para triturar os restos de obras.
EM SETEMBRO DE 2013, O APROVEITAMENTO DO MATERIAL INERTE PASSOU A SER REALIDADE NO MUNICÍPIO. Foi inaugurado, no dia 19, o Centro de Processamento de Resíduos Passo do Morrinho. No galpão está instalada a máquina que faz os blocos de concreto, a partir da caliça da construção civil, e que serão utilizados no calçamento da cidade. A máquina que produz os blocos de PAV’S é de propriedade do município e está cedida à uma cooperativa.
O MATERIAL FABRICADO POSSUI A CERTIFICAÇÃO DA FUNDAÇÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – CIENTEC, o que garante sua utilização para fins de calçamento. Também em setembro, foram concluídos o diagnóstico e o prognóstico pela equipe de técnicos especialistas, prevendo ações emergenciais como: COBERTURA DO ATERRO SANITÁRIO; abertura de frentes de trabalho; RECIRCULAÇÃO DO CHORUME; implantação de dreno de biogás e; operação e monitoramento do aterro sanitário.
Foi elaborado também projeto elétrico com alta tensão e reforma da rede elétrica. O tratamento do chorume armazenado nas bacias impermeabilizadas é feito por recirculação, através de bombeamento elétrico e móvel. O chorume é enviado ao topo, e parte dele evapora; o volume remanescente é submetido às condições anaeróbicas no interior da massa de resíduo por biodigestão da carga orgânica por bactérias. Na bacia de decantação, a degradação é feita de forma aeróbica; Encontra-se em construção no topo do aterro um biorreator que utilizará o sistema de purificação hídrica através de plantas para tratamento do chorume.
Os números
- 140 toneladas diárias de lixo doméstico/dia
- 380 toneladas diárias de lixo inerte/dia
- 1.400 m³ de cavaco de madeira/mês
- 1.000 m³ de caliça/mês
- 900 metros de cano para conduzir o chorume
- 12.000 blocos de PAVS/mês de contrapartida
- 20.000 m³ de argila para cobertura dos taludes nas porções leste e sul e do lixo compactado exposto
O FUTURO
O fechamento do Aterro Controlado para recepção de resíduos da coleta domiciliar não significa o fim do trabalho de recuperação do passivo. PELO MENOS ATÉ 2025 ESTARÃO EM OPERAÇÃO AS EQUIPES DE MONITORAMENTO E TRATAMENTO DO CHORUME, BEM COMO DO BIOGÁS.
O local continuará sendo usado para a recepção, separação e reaproveitamento do lixo inerte. Também está prevista a IMPLANTAÇÃO DE ESTEIRAS DE SEPARAÇÃO DO LIXO DOMICILIAR. Um processo mecânico que abre os sacos de lixo e permite retirar todo o material reaproveitável, reduzindo em até 40% a quantidade de lixo que será depositada no futuro aterro sanitário.
EM 3 ANOS DE TRABALHO, ESTAMOS TRANSFORMANDO UMA CICATRIZ NO MEIO AMBIENTE
DE VIAMÃO EM FONTE DE RENDA E GERANDO DEZENAS DE EMPREGOS. O Aterro Controlado é
uma realidade, uma prova de que o cuidado com a natureza não está apenas nas palavras, mas no
investimento que permite sair do lixão para entregar riqueza para Viamão.
Prêmio Prefeito Empreendedor
(Em 2016, o município de Viamão disputou com mais de 140 cidades do Rio Grande do Sul o prêmio outorgado pelo Sebrae RS. O então prefeito, Valdir Bonatto, recebeu a distinção pelos investimentos que fez na transformação do lixão e nas melhorias nos serviços ambientais e de coleta e destinação dos resíduos sólidos e domésticos. Confira a matéria, abaixo, editada!)
O município de Viamão conquistou, dia 6 de abril de 2016, o Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, na categoria Municípios Integrantes do G100. A cerimônia reuniu cerca de 250 convidados representantes de 40 municípios finalistas da distinção – etapa Rio Grande do Sul.
O Prêmio Prefeito Empreendedor valoriza gestores que implementam projetos de estímulo ao surgimento e ao desenvolvimento das micro e pequenas empresas e à modernização da gestão pública, contribuindo de forma efetiva para o desenvolvimento econômico e social do município. No Rio Grande do Sul, 143 cidades foram inscritas restando 40 finalistas.
O projeto apresentado por Viamão relata a transformação do lixão em aterro sanitário controlado. Com o projeto, houve a estruturação do setor, com a criação e incentivo de cooperativas de catadores, de reciclagem e reaproveitamento de resíduos sólidos da construção civil. No mês de fevereiro, os julgadores do Sebrae/RS estiveram em Viamão, visitando as cooperativas e o aterro sanitário, verificando a veracidade do projeto concorrente ao prêmio.
O projeto apresentado pelo prefeito, Valdir Bonatto, refere-se à interferência pela Prefeitura no lixão, transformado em aterro sanitário controlado. Com o projeto, houve transformação do setor, com a criação de três cooperativas: Cooperativa de Catadores, de Reciclagem e de Reaproveitamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil. A iniciativa, além de contribuir para o meio ambiente, com a destinação correta do lixo seco, gerou cerca de 100 postos de trabalho e economia e renda para mais de 50 famílias.

O então prefeito Bonatto (último à direita, no alto) recebeu prêmio por gestão ambiental a partir da transformação do lixão em aterro sanitário controlado. Foto: Arquivo/DV
Manchete do site G1 (25/7/2014)
Seis municípios do RS precisam transformar lixões em aterros
Em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, 40 toneladas de lixo por dia são destinadas para uma área de cinco hectares. Entretanto, a Prefeitura garante que o local está deixando de ser um lixão para se transformar em um aterro controlado, o que representa um investimento de R$ 2,5 milhões. “Nós dividimos o lixão em lixo doméstico e mais o inerte. Fazemos um investimento de reaproveitamento do inerte. E, estamos fazendo a cobertura, os drenos, a captação, de forma a reduzir os impactos e os problemas ambientais daquela área”, explica o (então) prefeito Valdir Bonatto.
Manchete de Zero Hora (21/8/2015)

Último lixão da Região Metropolitana, em Viamão, terá fim neste domingo
Prefeitura confirma o fechamento do último depósito de lixo a céu aberto da Região Metropolitana.
21/08/2015 – 07h02minAtualizada em 21/08/2015 – 07h02minCompartilhar
O último lixão ativo da Região Metropolitana será encerrado neste domingo e transformado num aterro sanitário. Esta é a promessa da prefeitura de Viamão, depois de 21 anos usando sem controle cinco hectares em Passo do Morrinho, na Zona Rural da cidade. Até o dia 20 de setembro, a montanha de lixo orgânico com mais de 10m de altura será coberta com argila, finalizando o espaço hoje ocupado por sacos de detritos, ratos e urubus.