Não eram estrelas de cinema. Eram estrelas cósmicas. Um pouco da genética humana permanecia nelas. E todos indistintamente tinham um quê de sua composição química. Eu, você e tudo o mais. Seres galácticos. Presentes ou futuristas nos interligamos a elas num bailado científico quase inexplicável.
Sentado numa rede ao norte do Amazonas um velho pagé remoi seu destino. E pensa. Olha a lua, o sol e sente uma porção de energia. Teria vindo das estrelas. Não seguia nenhuma regra ou esclarecimento científico. Simplesmente em seu pensar ,sentia.
A luz da bondade. A aridez da vida. E das pessoas estupidas que ele conheceu quando teve contato com a civilização dos homens brancos. Que se achavam maravilhosos. E que eram só uns entendedores do prazer da carne. Que mais cedo ou mais tarde, murcha e apodrece.
O corpo do pagé tinha desenhos coloridos.Pintados com sementes de urucum e calcário que se encontra na terra obtendo a cor branca. Principalmente em sua testa marcando bem seu terceiro olho.
Era um visionário. Um místico que ajudava pessoas. E como elas se complicavam em sua frente. Ele não possuía nenhum instrumento para tecer conclusões as perguntas e inquietações de tantos quantos o procuravam.Mas conhecia o segredo das estrelas.
Que em noites enluaradas esclareciam sua mente. Fazendo-o um grande pagé. Era o melhor da tribo toda. Desprovido de qualquer ódio ou vaidade seguia sua vida tentando entender a essência humana. De todos os atropelos, o mais sério e nebuloso, era o coração do homem moderno.
Que batia incessante por coisas sem valor. Que se entregavam aos vícios tentando virar deuses. Mas eram parcos. Eram insignificantes diante da mecânica celeste.
E era na simplicidade da estrela que ele entendia tudo. Os corações continuavam batendo entre bilhões de seres humanos. Perdidos e coitados. Achando que estavam vivendo suas verdades. Quando vegetavam pela vida pedindo socorro a ele num mar de dúvidas e inquietações. (Ana D´Avila)