Na situação atual em que vivemos, eu não conseguiria hoje falar sobre os alimentos e o papel na alimentação. A inquietude me trouxe a percepção de o quanto nos tornamos dependentes das indústrias de alimentos. Essa comodidade do produto pronto tornou o livro de receitas um objeto que sabe-se lá em que gaveta está. A pequena horta do pátio cedeu seu espaço para uma vaga de carro, talvez. A pequena fruteira do seu José ali perto de casa, deixou de ser frequentada, pois não tem tudo que o mercado oferece.
Vejo um momento propício para resgate de costumes antigos e inovações. Muitos países mudam seus hábitos alimentares em épocas de guerra. E quando o período de escassez terminou, esses costumes permanecem e viram parte da cultura daquele povo como algo positivo.
Você sabe a história do queijo gorgonzola? Conta-se que no século 10 os camponeses trocavam capim, como erva fresca por leite. Esse leite, dava origem ao queijo chamado strachino. Um queijeiro estava muito apaixonado e esqueceu de produzir o queijo com aquele leite para ir atras de sua amada. Em tempos difíceis, não era possível se dar ao luxo de perder alimentos e para que seu patrão não percebesse, misturou aquele leite com outro de uma temperatura diferente. Essa mistura, provocou o aparecimento de fungos. Seu patrão, após o queijo pronto, ficou curioso com a receita, estabelecendo que faria somente aquele tipo de queijo.
Minha proposta inicial é repensar no aproveitamento integral dos alimentos para criarmos novas preparações. As folhas e talos de legumes podem dar origem à bolinhos e tortas salgadas. As cascas das frutas podem ser fontes para bolos e até mesmo chás. As sementes nos trazem os leites vegetais. E porque não produzir o próprio pão, a própria massa? A criatividade é capaz de nos reinventar até nos momentos mais difíceis!





