A banalização do absurdo

Arte sobre The Charnel House, de Pablo Picasso

“Todos éramos humanos até que a raça nos desconectou, a religião nos separou, a política nos dividiu e o dinheiro nos classificou.

 

Não sei de quem é a autoria, mas tenho que admitir que essas considerações têm uma dose de verdade.

É impressionante o quanto estamos conectados com o mundo virtual e desconectados com a nossa condição de humanos. Recebemos uma grande dose de informações, algumas verdadeiras e muitas que exigem checagem. Naturalizamos fatos absurdos. Combate-se o sintoma e não a causa.

Ficamos horrorizados com tantos cães abandonados. Exigimos que o município aumente a capacidade do canil para acolher os animais. Mas de onde eles surgem? Porque foram abandonados? Porque não foram castrados?

Aplaudimos a construção de novas prisões imaginando que juntando todos os bandidos estaremos mais seguros. Será? Porque a população carcerária é tão grande? Porque um humano, igual a você ou a mim, se transforma em bandido? Por que já estamos começando a achar que é normal andarmos nos cuidando nas ruas das cidades para não sermos assaltados?

Em nome da religião, pessoas sofrem preconceitos, hostilizações por conta de seu gênero, mas não fomos feitos à imagem e semelhança de Deus?

Pobre, infelizmente para muitos, é sub-raça. Se for preto, pior ainda. Por quê? Vemos exemplos diários no noticiário de gente envolvida em escândalos de corrupção e descobrimos que sua riqueza é de origem duvidosa. Esse sujeitinho que colocou o carrão importado na sala da casa, tirou foto com ele e agora estaria foragido no exterior, graças a um passaporte alemão, é melhor que um trabalhador classificado como pobre? Em quê? Na malandragem?

Porque há tanta diferença de acesso a uma vida digna? Porque  poucos ricos e incontáveis miseráveis? Afinal, quem é minoria? É natural um pobre trabalhar oito horas por dia ou mais, sair nesses dias de sol escaldante tomar um ônibus lotado, sem refrigeração, chegar em casa e, muitas vezes não ter sequer um ventilador? Ou, pior ainda, não ter comida para a família?

Acho que estamos banalizando demais o absurdo. Precisamos de mais perguntas e muitas respostas. Mas, e principalmente, precisamos de mais atitudes e menos palavras. Você e eu estamos fazendo algo?

 

 

 

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Compartilhe esta notícia:

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

A revolta

Pelas ruas daquela cidade da América do Sul corria uma menina em desespero. Júlia, era seu nome. Em casa, a mãe aflita, a esperava. Na televisão só notícias trágicas. Um

Leia mais »

Receba nossa News

Publicidade

Facebook