Ana D´Avila | Comunicação moderna

Para aqueles que tem mais de 60 anos como eu, causa estranheza esta linguagem moderna de tudo. Principalmente nos computadores. Alguém já recebeu em sua telinha, frases curiosas tipo: “Prove que você não é uma máquina” ou “O Google Chrome está se comportando de forma estranha”. O que é isto? Difícil, para as cabeças de gerações passadas, entender facilmente. Mas vamos fazer uma reflexão.

No tempo ido, por exemplo, palavras como “abrir a janelinha”,”programa”,”baixar” e “salvar” tinham outro significado. O pessoal abria a janelinha quando estava fazendo muito calor, geralmente no verão. E como era agradável “abrir a janelinha”! Bem, “programa”, já era uma coisa mais intelectual, era a escolha de opções culturais para o final de semana. “Baixar” era alguém recebendo uma entidade espiritual . E “Salvar” só no verão. Os salva-vidas salvavam muito nos mares de Capão da Canoa até Torres nos veraneios antigos.

Os textos jornalísticos eram copiados em folhas de papel carbono, depois de escritos em laudas de papel que obedeciam 20 linhas com espaço dois entre elas. Hoje, até no celular, é possível escrever textos que caem direto na Redação, com um simples clique. Os tempos são outros, mas a linguagem de outrora, soava de outro jeito. Dava mais trabalho, mas era uma coisa artesanal, gostosa.

As Redações antigas dos Jornais tinham um barulho ensurdecedor das máquinas de escrever. Uma barulheira estranha ao mundo moderno. Quando hoje, escrever é mais silencioso. E, mais contemplativo também. Os toques no computador  são extremamente civilizados. Delicados até. Não tem aquela batucada que exigia um certo esforço físico dos jornalistas. E a impressão então, era mais que artesanal. Era arte pura. Diferente do processo digital de hoje. Havia também, a figura do “copy-desk”, um funcionário do Jornal encarregado de “revisar os textos” substituído hoje, pelo sistema cibernético.

Por ser moderno, o universo da comunicação de hoje, não tem mais certeza de nada. Tudo pode ou não pode ser. A ponto, de surgir na telinha frases duvidosas, como provar que não se é uma máquina ou que o Google Chrome  se comporta de maneira estranha. Porque  tempos atrás, muito tempo mesmo, era dificílimo provar que não se era uma máquina. E se comportar de forma estranha, só mesmo quando  a galera  saía das Reuniões-Dançantes (espécie de balada, mas meio familiar) com muita “cachaça com coca-cola” na cabeça. Não me surpreendo mais com a linguagem moderna. Nem que o apelo seja “a página da web não responde”. Se não quer responder, é melhor não insistir.(Ana D´Avila)

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