Bandeira preta está mantida em todo o Estado, mas governo libera a cogestão; A Páscoa da COVID se aproxima

IMAGEM: Itamar Aguiar / Palácio Piratini

Pela quarta semana consecutiva, o Rio Grande do Sul ficará inteiro na bandeira preta. Mesmo assim, o governador Eduardo Leite cede à pressão de prefeitos e empresários irresponsáveis que pensam apenas nas vendas da Páscoa.

A partir da segunda-feira (22) a cogestão estará novamente liberada. Isso significa que os chefes dos executivos municipais terão, novamente, poder para afrouxar as regras do distanciamento social.
Trocando em miúdos, o "Barrabás financeiro", conforme citei na coluna da quinta-feira (18), vai mesmo acontecer – com apoio da massa, com tudo – parafraseando Romero Jucá.

O "grande acordo estadual" para "delimitar a bandeira preta onde está" foi selado entre o fim da tarde e o início da noite desta sexta-feira (19). O luco da venda de chocolates está garantido, assim como uma nova explosão dos números das UTIs nas semanas posteriores.

 – Como o todo o Estado vai continuar em bandeira preta, os protocolos da vermelha são o piso, mas cada região pode definir, dentro dessa banda, o que é mais conveniente – disse Leite.

O governador afirma que pediu aos prefeitos fiscalização redobrada e jura que no feriadão da Semana Santa só o comércio essencial estará aberto. Fora isso, manteve os horários de funcionamento do que não é essencial entre 5h e 20h.

Mas o que preocupa é a porta arrombada e a boiada que passará por ela entre segunda e o dia 4 de abril. Leite levou em conta a fila de mais de 300 pessoas que aguardam leitos de UTI? Como pensa enfrentar a falta de anestésicos em hospitais? E a vacina? E as seis mortes em Campo Bom por falha no abastecimento de oxigênio?
Eu entendo que não.

Chega a ser obsceno anunciar a reabertura do comércio em geral na semana em que batemos o recorde de mortes registradas em um único dia (502) no Estado. Governador e prefeitos bancam de Pilatos ao lavarem as mãos para atender os interesses dos empresários. Em nome da Economia, da segunda-feira em diante, um ano após o primeiro caso de COVID-19 confirmado em Viamão, as ruas locais estarão cheias novamente, mesmo dando para comprar praticamente tudo a partir da segurança da sua casa.

Examente no auge da pandemia, parecendo não se importar, as autoridades voltam a passar a mensagem para você sair e gastar nem que seja R$ 5 em agulha e linha. Estão brincando de roleta-russa com sua vida (e provavelmente com o seu apoio) em nome do consumismo.

Como diz o ditado, o Diabo sorri enquanto você se afunda.

 

 

Bonatto vai aderir à cogestão

 

Surpreendendo a zero pessoas, o prefeito Valdir Bonatto vai aderir à flexibilização das atividades econômicas a partir de segunda-feira. Nesta noite, o tucano participou de reuniões com o Conselho da Saúde, secretários, diretores e Procuradoria do município. Logo depois, fez live para dizer que fará nova live no domingo (21), às 19h, para anunciar novo decreto municipal com as regras mais permissivas ao comércio.

– Estamos trabalhando ao limite para garantir o necessário. Sabemos da dureza desse vírus. Que Deus nos dê saúde e nos proteja – apelou o prefeito.

 

Regras

Novamente, este já é o mapa definitivo, sem possibilidade de envio de pedidos de reconsideração, devido à gravidade do cenário. Também segue suspensa a Regra 0-0, a partir de qual municípios sem registro de óbito ou hospitalização de moradores nos últimos 14 dias poderiam adotar protocolos de bandeira vermelha.

Veja mais informações no site do Distanciamento Controlado

 

Choque de realidade

 

Desde que a ocupação dos leitos de UTI no RS passou de 90%, em 25 de fevereiro, foi acionado o último nível (C) da fase 4, específico para uma situação de extrema gravidade. Nesta fase, são imediatamente suspensas as cirurgias eletivas (com exceção das cirurgias de urgência ou que representem risco para o paciente) e é determinada a utilização de todos os espaços disponíveis em cada instituição da rede hospitalar do Estado para casos graves de Covid.

Entre os 11 indicadores monitorados pelo sistema de enfrentamento à pandemia no Estado, houve novamente forte elevação no número de internados em UTI (+10%) e de óbitos (+31%) em relação à semana anterior.

Nesta rodada, mesmo considerando o aumento de 4% no número total de leitos de UTI existentes e a redução dos internados por outras causas, a elevação de pacientes confirmados com Covid-19 em UTI fez com que se mantivesse a alta pressão sobre o sistema hospitalar.

Estão sendo ocupados espaços inclusive fora dos leitos regulares, o que indica operação acima da capacidade de algumas regiões.

Esta é a terceira semana consecutiva que o RS passou a ter déficit de leitos livres para atendimento Covid. Enquanto na 43ª rodada (divulgada em 26/2), o Estado tinha 229 leitos livres para casos de Covid, na 44ª rodada (dia 5/3) houve déficit de 25 leitos, na 45ª (12/3) houve déficit de 213 leitos de UTI e, agora, esse número atingiu 299.

 

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