Prefeito vai entregar o governo ao sucessor com salários em dia, dívida controlada e obras andando, apesar da arrecadação que caiu com a crise
Valdir Bonatto tem jeito de gringo.
E assim, sem cerimônia, ele abriu logo que passava das 11h esta manhã uma reunião de governo para apresentação das contas da sua gestão e da situação em que vai passar o município ao sucessor, André Pacheco.
– Pagamos R$ 65 milhões em dívidas que herdamos do governo passado. Agora, as negociações não somam R$ 4 milhões. E estão todas em dia.
Para facilitar a leitura que a reportagem do Diário fez da apresentação do prefeito, seguem as numeradas:
1.
13º e salários
– Já pagamos 50 salários em dia até o mês de outubro. Não vamos atrasar – garantiu o prefeito, afastando o temor de que a crise tivesse comprometido a capacidade do governo de honrar a sua própria folha de pagamento.
Alívio para Izabel Garcia, presidente do Sindicato dos Municipários, presente à apresentação e que, agora, passa a se dedicar exclusivamente ao plano de carreira dos servidores.
2.
Pesquisa Marco Zero
Bonatto prometeu entregar ao prefeito eleito, André Pacheco, entre os dias 27 e 30 de dezembro, uma pesquisa que se chama Marco Zero.
– Em 2012, fizemos isso depois da eleição. É um grande diagnóstico, com dados científicos, para ser usado como ferramenta de gestão.
Na pesquisa, são apuradas informações como as principais demandas da população, o que é preciso atacar primeiro e como as pessoas se sentem em relação ao governo.
– Precisamos saber ouvir o cidadão. E como lideranças, devemos representar o pensamento do cidadão, não susbstituí-lo – disse Bonatto.
3.
Reflexos da herança
Logo no começo da apresentação, Bonatto lembrou de uma história que aconteceu logo que assumiu o governo.
– Havia um projeto para construção de um ginásio em uma escola, mas o terreno pequeno e o projeto não cabia na área. Esse era o planejamento dos 16 anos do PT – disse, abrindo as críticas.
– Tiveram 16 anos para fazer e ainda assim queriam nos deixar 50 projetos para executarmos.
Mas o governo escolheu outro caminho.
– Ouvindo as pessoas, escolhendo o caminho da gestão qualificada, fizemos o que tinha que ser feito. Agora, na eleição, o eleitor reconheceu, nos dando mais de 70% de aprovação. Entramos em diferentes camadas sociais porque tínhamos trabalho, planejamento estratégico e gestão.
4.
Obras onde as pessoas precisam
Bonatto também explicou os eixos regionais de desenvolvimento que o governo implementou na cidade.
– Apostamos em cinco núcleos. E as obras de infraestrutura foram entregues a partir daí. Não dava para asfaltar todas as ruas, mas as artérias principais de cada núcleo receberam melhorias.
5.
O tamanho da crise
Ao apresentar os números, Bonatto falou da arrecadação com o IPVA, o Fundo de Participação dos Municípios, o ICMS e o Imposto Sobre Serviços, o ISS.
Trocando em miúdos, fica claro que houve uma retração na arrecadação: hoje, entram nos cofres da Prefeitura valores próximos aos de 2013 – quase quatro anos atrás.
– E tivemos inflação e mais demanda da população nesse período – resume Bonatto.
Aí, as dívidas herdadas tiveram um comparativo nas palavras do prefeito.
– Pagamos mais de R$ 65 milhões em dúvidas. Isso daria uns 70 km de asfalto que foi gasto só pagando contas atrasadas – exemplificou.
E, virando-se para André, sorriu:
– Tu não vais ter isso sobre a tua mesa para pagar.
6.
Capacidade de buscar recursos
Com o saneamento das contas, mesmo diante da crise, Viamão pode limpar o nome e buscar novas fontes de financiamento para suas demandas.
– Temos R$ 12 milhões aprovados no BRDE para nova prefeitura e mais R$ 8 milhões para asfalto. E outros R$ 5 milhões no Badesul.
7.
Mais receita com mais base
Bonatto voltou a defender que a receita de Viamão seja ampliada com o aumento da base de arrecadação – e não com o aumento das alíquotas dos impostos.
– Contratamos o georeferenciamento para toda a cidade. Deve haver ainda uma revisão da nossa planta de valores, mas os mecanismos, já temos.
O prefeito contou, ainda, de duas ações judiciais para recuperação de recursos, especialmente nas áreas de educação e saúde, contra os governos estadual e federal. E contou uma novidade.
– A partir do dia 17 de janeiro, mais ou menos, Viamão começa a operar o seu serviço de guincho e depósito de veículos.
O serviços hoje é concedido pelo Estado, mas com a autonomia municipal para fiscalização do trânsito, a cidade pode implementar e regular o serviço.
– Também vamos por em funcionamento lombadas eletrônicas, pardais e dois controladores móveis de velocidade. Quem estiver andando acima dos limites, que se cuide ou vai pagar multa – avisa o prefeito.