Caminhante

Foto: Marcos Adami

Seguia feliz com os olhos sempre abertos. Em outras oportunidades até fechava os olhos para não ver as bárbaries do mundo. Que eram muitas. Crianças ,mulheres e idosas eram frequentemente expostas ao vírus da maldade. E como sofriam. E como sentiam-se desamparadas.

O dinheiro tudo comprava parecendo ser o deus contemporâneo. Soluços, aflições, choros e nada compensava o sofrimento. Dos que padecem, dos infelizes, dos iletrados,dos desajustados e dos confusos de mente brilhante.

Naquela manhã de chuva abriu-se um clarão no céu.O sol finalmente aparecia depois de uma noite chuvosa e com lampejos de ciclone. Uma ventania assustadora que nascia no mar  empurrava a água salgada para dentro da cidadezinha litorânea.

Alguém ainda tinha consciência que precisava caminhar. Se deslocar para algum lugar seguro. E talvez até, sem muita gente.

Na sequência nasceu um dia lindo. O vento serenava.As pessoas circulavam com suas vestes esportivas. Mulheres usavam shortes bem curtinhos, os homens de bermudas e as crianças, é claro, com algum brinquedo de praia. Como baldezinhos e pazinhas para construir seus castelos de areia.

A moça chorava sentada no banco em frente ao mar. Seu amor a atormentava. Ela não sabia qual era seu problema emocional. Uma hora era de uma bondade infinita trazendo somente sorrisos para seu rosto. Em outras, de uma estupidez amazônica, transferindo para ela todos os seus tormentos.

Pensava em caminhar também. Sozinha.Já que se deslocar as vezes, é até necessário. Caminhar na mesma rua ou caminhar para bem longe onde ninguém tivesse condições de encontra-la.

Num longo suspirar,entendeu sua necessidade. E desapareceu silenciosamente sem explicar para ninguém o que seu coração sentia.Nem para onde se dirigia.(Ana D´Avila)

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