Coluna do Brasil | Do coma à morte cerebral

Realmente, o Brasil é um país que mereceria a atenção de um psicólogo ou psiquiatra para entender as características “psicossomáticas” que o levam ao eterno estado de alienação e inércia social. Passam governos, governadores, presidentes, e nada muda. Ou melhor, quase sempre piora. Mas talvez esse psicólogo ou psiquiatra também não encontrasse razões para o tipo de atitude que observamos na população e em seus representante – de todos os poderes – tomadas sem qualquer constrangimento.

Assim, nessa coluna, tratarei de dois fatos ocorridos durante a semana passada que me deixaram cada vez mais com a certeza de que estamos em um país desgovernado pronto para ser tomado. E digo isso porque não vejo a possibilidade de algum elemento interno reverter a atual situação desestruturada em algo “governável”. Temo pelo futuro quando leio as manchetes dos sites e as matérias de rádio e televisão. O Apocalipse brasileiro ainda não está completo, mas se aproxima com violência.

O leitor deve imaginar que talvez eu esteja exagerando, ou “fazendo uma cena” para tornar meu texto mais atrativo, mas não é disso que se trata. Porque o tempo vai passando e parece que nem as lideranças nem a população demonstram força para enfrentar o futuro de uma forma leal no que diz respeito ao tratamento de um brasileiro para com outro compatriota. E os fatos bizarros se sucedem sem que notemos uma reação, mesmo à beira das eleições de novembro.

Primeiro, o que é mais importante: a pandemia.

Estamos nos aproximando à marca dos 150 mil mortos pela COVID-19 com mais de 5 milhões de casos confirmados e ainda seguimos sem um ministro da saúde. Pois esta foi a política determinada pelo governo e acatada pela população. Querem uma prova? No sábado, assisti, incrédulo, as milhares de pessoas que se aglomeraram de forma bizarra durante a abertura da primeira loja da Havan em Belém do Pará. E a atitude infantil da população ocorreu em um dos estados mais afetados pela pandemia, são mais de 237 mil pessoas infectadas.

Em um rasgo de lucidez, a Polícia Civil decidiu fechar o estabelecimento e informou que o gerente será conduzido para prestar esclarecimentos pelo não cumprimento das regras previstas pela Organização Mundial de Saúde. A secretaria de Estado de Saúde Pública informou que a “responsabilidade pela fiscalização no local é da Prefeitura de Belém, mas como o Executivo municipal não se manifestou, a Sespa enviou ao local uma equipe da Vigilância Sanitária”. Mesmo assim, o que explicaria o comportamento das pessoas diante do perigo que o coronavírus ainda nos oferece? Realmente, eu não sei dizer. Para a Prefeitura de Belém, tratava-se “de um evento privado, e a responsabilidade quanto à contenção e distanciamento das pessoas é de responsabilidade dos administradores”.

Agora, o tráfico…

Dois ministros do Supremo Tribunal Federal entraram em atrito, protagonizando uma briga bizarra envolvendo a soltura de um dos líderes do Primeiro Comando da Capital, o André do Rap. Um dos maiores traficantes do país saiu, ainda no sábado, livre do presídio de segurança, onde estava, pela porta da frente, devido a um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio de Mello. Segundo a decisão, um dos maiores traficantes do Brasil, procurado pela Interpol, “estava preso sem uma sentença condenatória definitiva, o que seria contra a lei”. “Eu sigo a lei, estou há 41 anos como julgador, e não posso olhar para o passado de cada réu que analiso o habeas corpus”, disse Mello em entrevista à Rádio Bandeirantes.

Horas depois, outro ministro, Luiz Fux, suspendeu a decisão, determinando a volta do traficante à prisão. Agora, a polícia precisa reencontrá-lo, se possível, para re-encarcerá-lo. Então me pergunto, qual a real motivação de se soltar um traficante perigoso como esse, que comandava as ações do PCC, inclusive de dentro do presídio? São tantas ações para barrar as atividades do tráfico de drogas no Brasil para um ministro soltar um dos peixes grandes do esquema que enviava cocaína para toda a Europa. Pois é verdade. A Justiça está ao lado dos criminosos. Mas será que algum dia foi diferente? Acho que não.  

Apenas posso imaginar a quantidade de poder que os criminosos têm em nossa realidade estrutural brasileira. Estamos nas mãos de milicianos e de traficantes. Em meio à COVID-19, o povo brasileiro vai afundando. Pronto para ser conquistado. Exterminado. Posto fora do mapa das civilizações para sempre. Mas quem sabe ainda possa aparecer um psicólogo ou psiquiatra para tratar os traumas que esse país apresenta desde sua mais tenra infância e que ainda o aprisionam em sua jaula, causando delírios e o levando do coma à definitiva morte cerebral?

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