Coluna do Gustavo | Chorar para, ou chorar por

Dia desses, lembrei de um antigo chefe meu e de uma das maiores lições que aprendi. Ele me pediu para cumprir determinada tarefa e eu disse algo como “não vai dar”. O olhar dele me fez prontamente complementar a resposta explicando que de minha parte estava tudo certo, cumpriria a missão sem nenhum problema, mas havia fatores externos para obtermos o resultado desejado com aquilo. Dependíamos também da concordância de clientes e de parceiros de negócio, e o pior, precisaríamos despistar a concorrência.

Ou seja, eu não estava fazendo corpo mole, apenas não tinha, ainda, identificado como meu trabalho alcançaria um objetivo tão dependente da mudança de opinião de terceiros. Meu chefe então falou que apesar das coisas não serem daquele jeito, nosso papel também era mudá-las. Se fossemos bons o suficiente, nosso conhecimento seria incontestável e moldaríamos comportamentos. Jamais esquecerei deste aprendizado.

Pensei muito sobre este conceito enquanto tentava buscar as melhores soluções para os desafios da vida profissional. As vezes, analisava com tanta profundidade determinadas situações, tentando antecipar todos os cenários, que chegava ao ponto de qualquer resultado, por mais aleatório que fosse, não me surpreender. Apenas me surpreendia ao perceber o quanto foi necessário a alguns visionários aplicar perseverança e talento e dedicação a um objetivo para concretização do seu plano.

Estas pessoas, com uma visão diferente das outras, e as vezes até inadaptadas ao já estabelecido como comum, quando conseguem empregar seus esforços, quebram paradigmas exercendo um poder de persuasão apenas obtido pelo resultado alcançado com o trabalho dos descontentes com o normal. A inspiração deles abriu o futuro, a tecnologia o alcançou e aos demais restou se convencerem de que a partir deste momento, agora isto é o certo.

Percebi isso enquanto realizava análises sem fim para meu antigo chefe. Comecei a suspeitar que quanto mais eu ficava analisando, menos eu fazia. Passei a me questionar o que adiantava mais; analisar ou fazer. Ainda não sei. A verdade é que nosso sistema sócio-político-econômico tornou-se tão complexo para mim, que só consegui me incluir em uma pequena parcela dele depois de muito estudar esta parte, e mesmo assim sem nunca entendê-lo direito.

Neste cenário, cada ideia nova minha se transformava em tantas que eu não sabia por onde começar. Resolvi, então, diminuir e praticar a arte de tirar, afinal, menos é mais. Começar pequeno e deixar o turbilhão de ideias se assentar me fez constatar que apenas uma criança mimada chora para conseguir as coisas. E quem chorava e conseguia o que queria, agora precisa mandar. Quem desde cedo percebeu que não conseguiria nada sem esforço, sabe que chorar não adianta e chora apenas ao conseguir o que batalhou para alcançar.

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