Depois de semanas incríveis no Uruguai chegou a hora de cruzar mais uma fronteira: a entrada na Argentina. Antes mesmo de sair, já sabíamos que os argentinos tinham algumas exigências específicas para veículos como o nosso. Por isso, fizemos uma preparação especial no Wilson. Instalamos piscas adicionais nas laterais, adesivos reflexivos e também o adesivo de limitação de velocidade. Estava tudo pronto para o nosso segundo país da jornada.
A imigração foi surpreendentemente tranquila. Pediram apenas os passaportes, os documentos do veículo e a carteira de motorista. Não houve vistoria nem questionamentos. Porém, logo após cruzar a fronteira, veio o primeiro susto: um pedágio que nos custou R$ 170,00. E, assim, estávamos oficialmente na Argentina. Um novo país, novas regras e tudo novo de novo.
Paramos na primeira cidade depois da fronteira, chamada Gualeguaychú, para ir ao mercado. E ali veio o primeiro impacto cultural. Chegamos por volta do meio-dia e descobrimos o costume argentino da “siesta”. Entre 12h e 16h, tudo fecha.
A cidade parecia fantasma, apenas o mercado estava funcionando. Fizemos compras básicas, mas percebemos um outro detalhe importante: nosso cartão internacional da Wise estava com uma cotação péssima na Argentina. Foi então que ouvimos falar do famoso sistema de remessas via Western Union. Levou um tempinho até entendermos como funcionava, mas logo aprenderíamos a usar essa ferramenta essencial para viajantes no país.
Continuamos a viagem, mas a estrada logo nos apresentou um contratempo. Ficamos parados por um tempo por causa de um acidente. Chegamos já à noite no nosso primeiro ponto de parada, um posto de gasolina. Ali, o Douglas aproveitou para fazer algumas manutenções básicas que ainda estavam pendentes. Foi uma noite tranquila.
No dia seguinte, cruzaríamos a famosa província de Entre Ríos. Na Argentina, os estados são chamados de províncias, e essa tem fama de ter uma polícia rodoviária corrupta. Muitos viajantes relatam abordagens abusivas, com pedidos de propina disfarçados de exigências inexistentes. No nosso caso, não houve nenhum problema. A barreira policial estava acontecendo na pista contrária, então passamos sem dificuldades.
Seguimos rumo ao nosso próximo ponto de parada, próximo à cidade de Zárate. Fomos ao mercado, conseguimos finalmente sacar dinheiro com uma cotação justa e nossa meta ficou ainda mais clara: em alguns dias, precisaríamos estar em Buenos Aires. Estávamos prestes a viver um momento muito especial. Iríamos receber nossas primeiras visitas no motorhome. Nossas mães viriam passar um final de semana conosco na capital da Argentina.
Durante o caminho, nos encantamos com a cultura local. Descobrimos as deliciosas “medialunas”, uma espécie de croissant típico argentino. Paramos em alguns YPFs, os postos de combustíveis mais conhecidos e estruturados do país. Até que, enfim, chegamos à grande Buenos Aires.
A entrada na capital foi um pouco caótica. Muito trânsito, muitos carros e motos, buzinas por todos os lados. Mas no fim, deu tudo certo. Encontramos um ponto recomendado no aplicativo iOverlander e estacionamos. Para nossa surpresa, ali também havia uma comunidade de viajantes brasileiros parada. Foi incrível ver que não estávamos sozinhos.
No próximo capítulo, conto como foi esse reencontro com o Brasil em plena Buenos Aires. Como foi receber nossas mães dentro do ônibus, conhecer a capital portenha e viver, de fato, o nosso primeiro momento de acolhimento em grupo na estrada.