Elenco corintiano abraça com ‘carinho’ a violência contra as mulheres

Recomendamos o artigo de Walter Casagrande Jr., publicado em sua coluna no UOL


O machismo e o cooperativismo dentro do futebol vão ficando cada dia mais explícitos, e o que mais me revolta é que vêm dos próprios jogadores de futebol.

O comportamento dos jogadores do Corinthians depois da classificação foi um carimbo para o “passaporte” para todos saberem que eles vivem no “mundo do aceitamos tudo”.

Todos correrem para abraçar o Cuca depois da classificação foi um grito de que “NÓS, JOGADORES, ACEITAMOS ENVOLVIDOS EM ESTUPRO CONDENADOS NO NOSSO MEIO”.

Faltava uma cereja para completar um bolo de gosto amargo, violento, cruel, que já estava pronto desde o silêncio do caso Robinho e, depois, com Daniel Alves.

Quando o Diego Ribas e o Lucas Lima foram jogar futevôlei com o Robinho, achamos um horror e deixamos clara a nossa indignação, mas o pior ainda estava por vir.

Na Neo Química Arena, um grupo inteiro de um time de futebol “abraçou o estupro com carinho”. Eu, como um ex-jogador de futebol que luto com unhas e dentes para tentar mostrar que o jogador, antes de tudo, é um cidadão brasileiro que tem uma voz importante e a cada fala, a cada gesto, influencia as crianças e a própria sociedade, fiquei envergonhado e com uma grande indignação.

Não contente de ter participado dessa cena macabra coletiva, o jogador Róger Guedes (do qual sou fã) resolveu mostrar uma faceta da sua personalidade que é perigosa e preocupante.

Entre tantas mulheres, homens, trans, gays, enfim, jornalistas, comentaristas e colunistas de todos os gêneros que criticaram a presença do Cuca e a escolha do Duilio, ele escolheu a dedo o seu alvo, a jornalista e comentarista Ana Thaís Matos.

Na entrevista ficou claro que ele usou a polêmica sobre o estupro do qual Cuca participou para atacar a Ana, de uma forma covarde, machista, preconceituosa e pessoal. Porque ele deixou claro que, para ele, a Ana o critica muitas vezes sem motivo, e resolveu atacá-la. Não contente, ainda disse que acredita na inocência do Cuca, assim como talvez acredite na do Robinho e do Daniel Alves.

Esse ataque pessoal à Ana mostra o quanto os jogadores de hoje são mimados, não aceitam críticas e levam tudo para o lado pessoal.

O cenário do comportamento, dos princípios e dos valores do nosso futebol é dos piores possíveis. Os jogadores vivem calados e, quando resolvem falar ou agir, escolhem muito mal.

Será que vocês não perceberam que aquele abraço apertado no Cuca significa abraçar todos os homens abusadores, condenados ou não?

Se fosse com alguma garota com 13 anos da família de vocês, qual seria a reação que teriam? Iriam abraçar o abusador também?

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