Erika Golezer | Um arco-íris de vida e humanidade em 2021

Durante muitos anos a Idade Média foi conhecida como Idade das Trevas. O termo nada tem a ver com falta de fé ou religião, mas com um provável cerceamento da ciência por parte da Igreja Católica. Não me entenda mal, sou católica e este texto não pretende entrar na discussão de dogmas religiosos. Porém é fato conhecido que a Igreja Católica era o maior poder na Europa da época feudal e que, em nome de proteger a fé, desacreditou a ciência durante muitos anos. A inquisição foi criada pela Igreja Católica durante a Idade Média. Composta por tribunais, julgavam as ameaças à doutrina da instituição. 

A ciência e o conhecimento eram considerados ameaças. Galileu, um dos pais da ciência, foi pressionado a se retratar diante do tribunal da Inquisição, dizendo ser falsa a ideia de que a Terra girava em torno de seu próprio eixo e do sol. Lembre-se que o sol já havia sido considerada uma divindade e a Terra girar em torno dele foi considerado uma ameaça a ideia de Deus defendida pela Igreja Católica. 

O conhecimento era censurado de tal forma que em 1559 o Papa Paulo IV publicou a primeira versão de uma lista de livros proibidos pela Igreja Católica. Muitos pensadores e cientistas entraram nesta lista: Maquiavel, Voltaire, Giordano Bruno, Erasmo de Roterdã, John Locke, Diderot, Berkeley, Thomas Hobbes, Descartes, Rousseau, Montesquieu, Kant e muitos outros. 

Esta lista foi atualizada muitas e muitas vezes e a última versão, publicada em 1948, continha mais de 4000 títulos e só foi abolida definitivamente em 1966 pelo Papa Paulo VI.

A humanidade, entretanto, não levou todo este tempo para valorizar o conhecimento da ciência e “renascer”. O Renascimento foi um importante movimento artístico, cultural e científico. A razão era uma expressão do espírito humano e colocava o indivíduo mais perto de Deus. A ideia nunca foi negar a existência de uma divindade, afinal o ser humano necessita da fé. Toda fé dá conta de algo no indivíduo. Com o Renascimento veio o Iluminismo, o século das luzes. As luzes representam o advento do conhecimento científico e da expressão artística. O ser humano deixou de estar preso a sua posição de nascimento (até então quem nascia nobre ou plebeu e permanecia assim durante toda a vida), a força do trabalho passou a ter valor.

Ainda há muito a avançar, eu tenho certeza. Movimentos contra vacinas, terraplanistas e pessoas afirmando que a Depressão, por exemplo, é falta de Deus me dão a certeza que ainda temos um caminho longo pela frente. Não vejo antagonismo entre ciência e Deus. Para mim a ciência e tudo que foi desenvolvido através dela é a expressão da capacidade pensante que recebemos. Para mim, a ciência é um milagre cotidiano que nos dá ferramentas para lidar com as agruras do cotidiano.

Este ano tem sido uma prova disto. Voltamos ao século passado, quando houve a última pandemia. Um vírus desconhecido nos prendeu em casa e matou mais de um milhão e setecentas mil pessoas em todo o mundo. A ciência correu contra o tempo para descobrir como proteger, tratar e prevenir. Já fez um ano que o paciente zero apareceu e ainda não temos medicações eficientes para todos. As únicas formas eficazes de proteção comprovadas até agora são o uso de máscara, o distanciamento e a higiene pessoal (ênfase na lavagem das mãos).

Por tudo isso, o que desejo para todos nós em 2021 é que novamente possamos renascer e que a ciência possa fazer seu trabalho. Espero que após esse longo ano de trevas possamos ter um novo ano de luz e cores (múltiplas cores). Que 2021 nos traga um lindo arco-íris de vida e humanidade!!!

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