Eu queria ser a Cássia Eller.
A Cássia mãe.
A Cássia mulher.
A Cássia da voz rouca.
Eu queria ser a Cássia Eller.
A Cássia de todas as mulheres.
A Cássia do all star azul.
A Cássia do olhar apaixonante.
Eu queria ter abraçado a Cássia.
Eu queria ter agradecido a Cássia.
Eu queria ter conhecido a Cássia.
Eu queria ter amado a Cássia.
Há 16 anos, eu perdi a Cássia Eller.
Lembro como se fosse hoje do dia 29 de dezembro de 2001, da tristeza, do sepultamento e do enterro da cantora que estava no auge da carreira. Eu tinha apenas oito anos e já adorava cantar Rubens, sabia toda a letra de Por Enquanto e arrasava cantando Malandragem nos karaokês das amigas. Sim, meus queridos, eu era apenas uma garotinha. Mas que se espelhava em uma grande mulher!
Um ser iluminado que uniu o rock, o samba e o hip hop no mesmo palco. Uma mãe carinhosa e um pai que amava o seu filho. Cássia Eller deixou registrada em uma entrevista à revista Marie Claire, o desejo de casar e deixar a guarda do filho Chicão para Maria Eugênia, companheira e amante. Cássia conseguiu, na justiça, após a sua morte, a primeira decisão de direito de família homoafetiva, abrindo as portas para outras famílias se unirem no amor diante da conservadora sociedade brasileira.
Ah, como eu queria ser a Cássia Eller!
No ano de 2001, ela esteve no Rock in Rio, foi chamada para gravar o Acústico MTV (para os mais novos: a MTV Brasil era um sonho! Tinha uma programação musical de verdade e só os cantores renomados eram chamados para tocar nesse especial), fez 95 shows e descansou. Partiu para um descanso eterno e cantou baixinho nos nossos ouvidos: “… mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está, nem desistir, nem tentar, agora tanto faz, estamos indo de volta pra casa”.
Encerro a coluna de hoje em lágrimas.
Obrigada Cássia Eller!