Um ex-estagiário do gabinete e seu advogado foram presos em flagrante sob suspeita de extorsão ao vereador de Viamão Eraldo Roggia (PTB). As tentativas, que supostamente ocorriam desde outubro do ano passado, eram monitoradas pela Polícia Civil após denúncia feita pelo próprio parlamentar. A operação policial aconteceu na porta do cartório da parada 41, na tarde desta quarta-feira, após os suspeitos receberem um automóvel avaliado em R$ 50 mil e R$ 10 mil em dinheiro.
Um dos nomes mais influentes da Câmara e reeleito há seis eleições, Eraldo foi presidente do legislativo por quatro vezes, é casado com Andréia Gutierres, presidente do partido, e cunhado do também vereador André Gutierres, presidente do PP.
Ao Diário de Viamão Eraldo contou que o ex-funcionário alegava desvio de função por ser contratado e pago pela Câmara de Vereadores, não pelo PTB, mas era obrigado a entrar em uma escala de limpeza e organização da sede do diretório municipal. “Uma bobagem, pois trabalhamos todos pelo partido. Um faz o chimarrão, outro arruma as cadeiras, alguém limpa o chão. Ele trabalhava pelo PTB como qualquer outro filiado”, argumenta o vereador.
Conforme as informações preliminares, logo após deixar o gabinete o estagiário entrou com uma ação trabalhista pedindo 1 milhão de reais como indenização. Paralelo a isto, teriam começado as ameaças e subornos pelo Facebook de Eraldo, que conta ter procurado a ajuda da Polícia Civil e apresentado as conversas impressas.
A transação que terminou com a prisão do ex-estagiário e do advogado foi acertada no início desta semana, sob supervisão dos policiais. O vereador ligou para o ex-funcionário e pediu um preço para dar um basta nas ameaças: R$ 100 mil foi a resposta. Roggia então ofereceu o próprio carro e mais 10 mil em dinheiro. Oferta aceita, marcaram a formalização da transferência do veículo no cartório. ‘Negócio’ feito, policiais aguardavam de tocaia na saída para anunciar a prisão em flagrante por extorsão.
“Em todos esses anos de vida pública nunca me envolvi em sujeira, não devo nada a ninguém”, disse o vereador.
Ainda não foi possível localizar os suspeitos porque a Polícia Civil não divulgou as identidades dos envolvidos.