Inter entre o “vexame” e o “desaforo” às margens do Rio

Fernando Alves / EC Juventude

Antes de mais nada, méritos do tamanho do Rio Grande do Sul ao Juventude. Na esmagadora parte do duelo de 180 minutos, o time de Roger Machado “amordaçou” completamente as principais virtudes do Internacional. Aliás, merecia melhor sorte em Caxias do Sul e, pela lógica do Futebol Além do Resultado, deveria ter vencido a primeira partida das semifinais.

Agora, voltemos ao nosso objeto habitual de análise, a famosa dupla da Capital. O futebol não permite desaforos. O gol perdido por Maurício, logo após o empate assinalado por Renê, é um absurdo quase sem precedentes. Ali estava a bola do jogo. À feição. Mansa. Carente. À espera do barbante. Não foi desta vez. Para “melhorar”, o camisa 27 ainda foi expulso na sequência.

Na volta do intervalo, o Inter praticou seu modelo à plenitude. Virtude até então inexistente nas duas partidas. Marcação avançada, recuperação da posse em tempo recorde após a perda, troca de passes, volume ofensivo… As situações citadas no parágrafo acima, porém, transformaram a “reação” em mero voo de galinha.

Vamos à famigerada disputa de pênaltis. De volta após longo e tenebroso inverno, Sérgio Rochet fez a sua parte: defendeu ao menos uma. Desaforo 2: Gabriel Mercado parou no travessão! Eis a segunda chance de ouro de encaminhar a classificação jogada no lixo não reciclável. Mas o “melhor” ainda estava sendo reservado.

Em todas as profissões ocorrem erros. É da natureza humana. Mas os equívocos são imperdoáveis quando provocados por desleixo, petulância, arrogância, soberba. A cobrança de Robert Renan é uma afronta à história colorada. É um tapa na cara dos 40 mil colorados que lotaram o Beira-Rio. Não foi erro técnico. Não foi excesso de confiança. Foi irresponsabilidade. Foi coisa “imperdoável” de guri, falando em “gauchês”.

Pela primeira vez na temporada, Eduardo Coudet teve à frente um duelo tático e tanto. Alan Patrick não tocou na bola — exceto em alguns momentos em Caxias. Inclusive, lá Enner Valência também abraçou-se ao “desaforo”. Bustos não tinha espaço para avançar. Aránguiz mal conseguiu respirar. Mesmo assim, o treinador “tirou um coelho da cartola”. O gol de empate, após jogada ensaiada, foi prova de um comandante com repertório. Mesmo quando o “Plano A” visivelmente não havia encaixado.

Estudo, planejamento, treinamento, preparo! Futebol não é apenas o exercício da qualidade individual. Roger Machado!!! Igualou a distância oceânica de elenco e investimento no território. Na ocupação de espaços. No empenho. Na entrega. Na luta. Na bravura, suor, valentia. Na leitura precisa de cenário. Na organização!!! Na peça ofensiva, venceu como era possível. No pragmatismo da bola parada no tempo normal e na disputa das penalidades máximas. Noite de Diego Simeone ao ex-lateral do Grêmio.

Ah, Sport Club Internacional. Vexatoriamente fora de uma final estadual pelo terceiro ano consecutivo. Inadmissível. Revoltante para os “vermelhos”. Maurício. Mercado, Valência (em Caxias do Sul) e, sobretudo, ROBERT RENAN. Os deuses da bola não dormem. São cruéis, implacáveis e impiedosos. Entretanto, às vezes, também são justos. Eles não permitem desaforos.

Parafraseando o narrador gaúcho, Haroldo de Souza, eis: “Como sofre essa torcida do Internacional”.

Melhor para a Papada. Parabéns, Juventude!

Um brinde ao extraordinário e “estudioso” Roger Machado.

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