– Fui radialista em todas as emissoras de Rádio de Porto Alegre e mandado para a rua por todas elas por dizer as coisas da forma como eu via: a violência nas ruas, a criminalidade, a delinquência, a cumplicidade, por denunciar os policiais corruptos. Eu sabia que falar estas coisas me custaria o emprego, e me custou todas as vezes. Mas não me custou a dignidade.
O trecho acima foi extraído de uma entrevista do jornalista, radialista e pesquisador João Batista Marçal que nos deixou na manhã desta terça-feira, 23. O radialista da voz grossa e opiniões ácidas foi metalúrgico e preso pelo regime militar em 64, acusado de ser comunista. Solto foi contrato pelo jornal Zero Hora e passou por vários veículos de comunicação do Estado, imprimindo em suas matérias e entradas nas rádios o jeitão popular e caricato que o consagrou. Como na cobertura de um acidente ferroviário que matou mais de trinta pessoas.
– Entrei no ar dizendo: pois é, meninos, o pau comeu e aqui no local tem sangue até para fazer morcela – relembrou em uma entrevista ao Coletiva.net.
O icônico personagem do jornalismo rio-grandense escolheu a Santa Isabel para morar depois de se apaixonar por uma viamonense na época em que chefiou a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, no Governo Tapir Rocha.
Marçal tinha 76 anos e deixa cinco filhos.
O corpo será velado no Cemitério Parque Sant’Hilaire a partir das 19:30h desta sexta e o velório no sábado, às 15.