Centro de Audiovisual inaugura no final do mês no Tecnopuc seu primeiro estúdio de cinema e TV em Viamão
Há alguns anos, quem ouvia o professor Júlio Ferst falando do Tecna e de um centro de audiovisual gaúcho no Tecnopuc ficava um pouco desconfiado.
– Em Viamão?
– Em Viamão – respondia ele, com a convicção de quem diria "esperem para ver".
Pois esse pedacinho de Hollywood em Viamão nasceu. E vai já tem data para estrear.
No dia 27 de abril, o Tecna inaugura a primeira fase deste ousado projeto: o Centro de Tecnológico de Audiovisual do Rio Grande do Sul. Será o primeiro estúdio de cinema e TV instalado nos prédios do Tecnopuc em Viamão, o antigo Seminário. É o Tecna tornando real o sonho e a ideia de fazer aqui um grande polo de produção de conteúdo audiovisual do Estado, do país e até da América Latina.
Nessa primeira fase, vem um estúdio completo com 350m² moderno e completo. A "caixa preta", como chamam os envolvidos com cinema por causa da cor de suas paredes e do teto, está quase pronta.
– Estamos finalizando instalações e um aquário, que é um espaço no mezanino onde teremos uma unidade de edição dos vídeos – conta a professora e coordenadora do Tecna, Aletéia Selonk.
Ela e o professor Júlio ciceronearam o Diário esta semana em uma visita aos espaços do Tecna em Viamão ao lado do produtor de cinema Esdras Rubin e sua filha Bárbara, estudante de arquitetura. Esdras tem o nome ligado ao cinema gaúcho e é um dos responsáveis pela ampliação do Festival de Cinema de Gramado aos patamares internacionais em que acontece hoje.
Tecna: do que se trata?
O Tecna é a entidade responsável pela implantação do centro audiovisual. Foi idealizado em meados de 2011 – mas o sonho do centro é bem mais antigo.
– Há pelo menos 30 anos que se fala e se deseja algo assim no Rio Grande do Sul e sempre se esbarrou em algo – resume a professora.
De 2011 para cá, o Tecnopuc entrou de cabeça na ideia disposto, inclusive, a mudar paradigmas. Até então, entidades que financiam editais de Ciência e Tecnologia não viam o audiovisual como uma finalidade possível para os seus recursos.
– Mas é. Há muita pesquisa, muita tecnologia envolvida. Desde o desenvolvimento de softwares até o crescimento de toda essa indústria criativa – explica Júlio Ferst.
De edital em edital, o Tecna captou os recursos.
Serão investidos cerca de R$ 27 milhões nas três fases do projeto. A primeira, o estúdio que abre no dia 27 – custou cerca de R$ 6 milhões. A segunda, que deve sair até o final do ano, é um grande complexo de produção, pós-produção e tratamento de imagens e sons. Um estúdio absolutamente hermético está em construção lá. Depois de pronto, será possível tratar o som emitido por uma gaveta que abre, um palito que sai sobre a mesa ou o de um pequeno fio que se arrebenta com as mãos – tudo com qualidade excepcional.
Outra novidade da segunda fase são os estúdios de live-action – os que captam os movimentos humanos, por exemplo, para aplicar em animações e games. Com a tecnologia de ponta embarcada nos estúdios do Tecna, será possível tratar imagens com maior rapidez e qualidade – o que certamente será um diferencial a favor de Viamão na hora em que os investidores tiverem que escolher onde fazer suas produções.
Na terceira fase, que fica para o final de 2018, um novo e maior estúdio, com ala de marcenaria e armazenamento de cenários e figurinos – que podem ser usados em novas produções.
– O que queremos aqui é um ecossistema criativo que sirva ao audiovisual brasileiro – resume Aletéia Selonk, coordenadora do Tecna.
– O Tecna quer ser um articulador de negócios que esse ecossistema vai formar aqui no Tecnopuc, com mais inovação e colaboração.
Oportunidades para Viamão
Tudo isso que se descortina no Tecnopuc a partir do final do mês também é uma grande oportunidade para Viamão. Segundo Júlio e Aletéia, já foram contratados trabalhadores para o centro audivisual – e parte deles é da cidade.
– Priorizamos isso na escolha dos candidatos – adianta Júlio.
Além disso, com a regularidade das atividades nos estúdios, novas carreiras e novas oportunidades vão surgir.
– As produções vem e precisam de todo o tipo de serviços, desde o transporte até alimentação para todos os envolvidos. Além disso, devemos disponibilizar qualificação a medida que haja interesse e a necessidade. Marceneiros especializados em construção de cenários, por exemplo, podem ser treinados aqui – exemplifica a coordenadora.
O Instituto Federal, que está instalado nos prédios do Tecnopuc, será parceiro do Tecna na formação de profissionais para o setor.
– E as pontes estão abertas com outras universidades e instituições para isso tabém.
Em 10 anos, tudo muda
– O limite onde vamos chegar ainda não sabemos.
Júlio adverte que o Tecna vai se tornar rapidamente a grande âncora do Tecnopuc Viamão – especialmente pela atração de empresas e investidores que vão formar o ecossistema criativo definido pela professora Aletéia.
– É um arranjo único no Brasil. No Sul do país, não temos nada parecido com isso. Está sendo aberto um novo horizonte aqui.