A Secretaria da Saúde de Viamão conta com duas novas ambulâncias e quatro veículos de passeio. Os automóveis, adquiridos com emendas parlamentares, chegaram na quinta-feira (30) e passam a integrar a frota do município.
As ambulâncias serão destinadas ao SAMU, que hoje é composto por duas equipes para atendimento de emergências. Segundo a Prefeitura, os carros atualmente usados na remoção de pacientes soferão manutenção e ficarão na reserva.
A medida resolve parte das dificuldades enfrentadas pelos profissionais que atendem as emergências no município, mas os problemas se acumulam.
Oficialmente, a estrutura do SAMU de Viamão conta com duas ambulâncias básicas para remoções e uma UTI móvel, que fica à disposição do Hospital Viamão para transferências de pacientes a outras casas de saúde da região. Mas segundo relatos dos trabalhadores, dos veículos usados nas emergências, um é emprestado do Estado e o outro está em condições precárias. Um dos que é de Viamão já estava fora de serviço e aguarda desde o início do ano por reparos.
A chegada das novas ambulâncias ameniza, porém não esconde as falhas na gestão da saúde local. Quando a Prefeitura anuncia que os atuais carros serão reformados, oculta que a empresa contratada para realizar os consertos não recebe há pelo menos quatro meses. E oficina, que fica na Fiuza, venceu a licitação para fazer a manutenção de toda a frota da Prefeitura, portanto a situação é ainda pior.
Voltando à Saúde, embora resolvidos os perigos de acidente por falha mecância ou de ficar no meio da estrada com um paciente dentro, os profissionais que trabalham no SAMU ainda precisam lidar com riscos diários. As equipes relatam falta de materiais de proteção, como máscaras e luvas.
– Estamos comprando para não ficar sem – revela um trabalhador que não quer ser identificado, com medo de represálias.
Mas a precariedade da estrutura não para por aí. As condições do alojamento na base localizada na UPA da Cecília recebem críticas das equipes.
– Ficamos em uma sala de 4mx4m sem janelas, com beliches, microodas, geladeira, armário e tv. É um espaço insalubre, porque se um estiver acordado, se alimentando, por exemplo, o outro não consegue dormir. A porta do banheiro, que é coletivo, o mesmo usado pelos pacientes, fica trancada. A gente chega da ocorrência e tem que pegar a chave na recepção para poder fazer a descontaminação e descartar os EPIs – conta o profissional.
As condições de trabalho relatadas se agravam diante da crise do coronavírus. se faltam proteções individuais e a descontaminação é prejudicada, a saúde das equipes está em risco.
– Todo dia temos pelo menos uma remoção de paciente com suspeita de covid-19 – não tem teste para a doença na cidade. Estamos enfrentando risco a todo momento, pânico de trabalhar sem saber o que está acontecendo – afirma.
A Prefeitura, novamente, silenciou sobre um pedido de informações do Diário de Viamão. Lamentável prática, que soa como descaso, ainda mais quando o assunto é a vida da população e das pessoas que estão na linha de frente no atendimento ao povo de Viamão.
Definitivamente, a Saúde é o calcanhar de Aquiles de Russinho. Falta agilidade para tudo. Fato é que, mesmo definindo na terça-feira (28) o nome de Glazileu Gloria Aragonês para assumir a secretaria, José Ricardo Agliardi ainda não foi exonerado. Isso já tinha ocorrido com o próprio Agliardi, que foi nomeado na mesma semana em que pediu demissão – quase um mês após ter assumido.
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