O argentino

Desceu do carro vestindo bermuda branca de estrelinhas, sapatos mocassin e camiseta com a estampa do Maradona. Arrastava um portunhol inteligível. Depois de umas férias na nossa orla, seguiria para Bariloche. Recomendando a viagem para quem gostasse de frio. Principalmente para quem  tivesse tempo e dinheiro para usufruir do turismo daquela estação gelada. O Brasil é lindo, mas a Argentina é “fenômeno”.

Não tinha semblante de Argentino, mas era Argentino. Não era pedante. Nem mostrava muita alegria. Criatura normal. Seguia a passos largos para a Cafeteria do Hotel onde se instalou confortavelmente. O apartamento onde estava tinha uma imensa sacada com vista para o mar. O mar gaúcho. Computou  quinze dias de uma estada instigante. Sua esposa e as duas filhas pequenas eram companheiras inseparáveis na tourné pelo Rio Grande do Sul.

Após o café, sua esposa enrolada numa bandeira brasileira estilo canga, seguiu para a praia com as meninas. Uma das “chicas” tinha sido presenteada com um cachorrinho de pelagem preta e a outra menina ganhou um par de patins. Tudo adquirido em solo gaúcho. No shopping praiano, tinham um certo orgulho de compararem-se aos brasileiros. Talvez pela alegria que, para quem não conhece o Brasil, se expressa nas pessoas e nos programas de televisão.

Mas ele não era brasileiro. Era Argentino. Sua realidade era outra. Não entendia profundamente as malandragens, o “jeitinho brasileiro”, nem as prisões dos políticos ladrões. O que via eram praias belíssimas, calor e gente alegre e feliz. A propalada felicidade brasileira!!! Esta mistura de contentamento indígena com a esperteza de europeus. Que vieram para as terras de pau-brasil para saquear riquezas e exterminar os índios.

Mas o Argentino e sua família só enxergava a beleza do nosso mar. Nem conhecia a mortandade dos índios brasileiros. Nem as violentas batalhas que a história registrou ao longo de sua existência.

Na volta para seu País, o que levaria para Missiones era tão somente o gosto brasileiro da digestiva e maravilhosa água de cocô. Lembraria ainda, a canela na cor da pele das mulheres brasileiras. E um emaranhado de lembranças boas.Entre elas, a “caipirinha”: limão, açúcar e cachaça que sempre enebria o paladar dos estrangeiros. Um país verde e amarelo. Um país alegre. Que sabe receber visitantes. E que sempre é escolhido lá na Argentina para navegar nos sonhos de férias de nossos irmãos sul americanos.

 

 

 

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