E o trem até Porto Alegre, sai ou não sai?

Modelo de transporte de passageiros proposto é similar ao que está em funcionamento entre o terminal 1 do Salgado Filho e a Estação Aeroporto, do Trensurb

Pois é!

O assunto surgiu em meados do ano passado e foi anunciado pelo ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República, Eliseu Padilha (PMDB), como parte da redenção do transporte coletivo metropolitano. Pelo dito, seriam construídos monotrilhos aéreos para diversas linhas de trens, mesmo sistema em funcionamento entre a Estação Aeroporto, do Trensurb, e o terminal Salgado Filho.

A proposta foi levada no começo de fevereiro passado à mesa do ministro Padilha pela China Railway Engineering Group (CREG). A chinesa aventou a possibilidade de assumir o controle da Trens Urbanos Metropolitanos S.A. (Trensurb) que opera o transporte sobre trilhos entre Porto Alegre e Novo Hamburgo.

E, além disso, comprometia-se a implantar novas linhas empregando o mesmo sistema tanto dentro de Porto Alegre quanto em outras cidades da Região Metropolitana, e da capital para estas cidades vizinhas, inclusive até Viamão pelas avenidas Ipiranga e Bento Gonçalves. 

 

O que está acontecendo

Passado quase um ano do anúncio de um possível e pesado investimento capaz de resolver boa parte dos problemas de mobilidade urbana, especialmente dos moradores de Viamão que diariamente têm que ir até Porto Alegre, este colunista foi a campo em busca de informações para saber quanto o assunto evoluiu.

Ou não evoluiu.

O que foi possível apurar é que, sim, há uma forte movimentação no sentido de tornar realidade o que foi proposto pela China Railway Engineering Group ao ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil. Mas ninguém verbaliza isso. Pelo menos não publicamente. Então como foi possível chegar a esta conclusão, já que ninguém fala?

 

AOS FATOS:

1

Na Casa Civil da presidência da República a assessoria de comunicação se manifestou somente depois do terceiro contato telefônico. O jornalista Cadu Fonseca e a chefe da assessoria, Thatiana Souza, asseguraram que o assunto não está mais na Casa Civil e que as informações deveriam ser buscadas com as empresas envolvidas, em Porto Alegre.

2

Na sede do Trensurb, na capital gaúcha, foram tentados contatos com o jornalista Kauê Menezes. Por três vezes a ligação telefônica foi atendida por pessoas que garantiam que o jornalista não se encontrava na sala ou estava em reunião, e prometia retornar a ligação, o que nunca aconteceu.

3

Na empresa Aeromovel Brasil S. A. é que “a notícia brilhou”, como se diz no jargão jornalístico, depois de uma boa conversa por telefone com Brigitta Struck, uma bem falante e simpática assessora da diretoria.

4

Foi Brigitta quem me garantiu que os projetos estão andando, que têm sido realizadas reuniões periódicas para tratar dos assuntos relativos a investimentos na área da mobilidade, e que o plano está subdividido em grupos como forma de facilitar as ações.

5

Brigitta Struck só não soube informar o estágio atual do assunto, mas pediu que este colunista enviasse e-mail com as questões de interesse e prometeu que encaminharia à área de marketing, setor que teria condições de dar todas as respostas.

6

Num rasgo de extrema boa vontade, a assessora se propôs, inclusive, a gestionar uma entrevista in loco com representantes de cada grupo, a fim de facilitar a obtenção das informações, gravar entrevista em vídeo, fazer fotos…

7

Daí o assunto foi encaminhado para Cassiana Tremarin, da área de marketing da Aeromovel Brasil, que não deu retorno. Depois de novo contato com Brigitta, nesta quarta-feira, mais de uma semana depois do primeiro e-mail, ela respondeu de forma totalmente contraditória ao que havia sido revelado pela assessora da diretoria.

8

Ela disse que depois de duas reuniões chamadas pela Casa Civil, em Brasília, no início do ano passado, o assunto não evoluiu.

— Sendo assim, não há definições sobre projetos — limitou-se a escrever, de forma lacônica.

 

IMPORTANTE

Em novembro passado foi realizado um seminário, em Porto Alegre, promovido pela Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs) e com participação ativa de técnicos e dirigentes da Aeromovel Brasil.

Entre os assuntos abordados estavam questões como revitalização e ampliação da linha Gasômetro, aquela que quase todos os gaúchos conhecem e que tem um veículo suspenso no monotrilho.

E, principalmente, foi apresentado e discutido projeto de implantação de uma linha em direção à Zona Sul de Porto Alegre, a partir do Mercado Público e até a avenida Juca Batista, passando pelo Praia de Belas Shopping.

 

Do colunista

: Pelo sim, ou pelo não, arrisco a dizer que o projeto está andando e existem reais possibilidades de ser implantado o sistema de transporte por trens suspensos entre Viamão-Porto Alegre.

: Não significa necessariamente que isso aconteça a partir dos investimentos ou projetos dos chineses da China Railway, até porque a Aeromovel tem firmado parcerias e desenvolvido estes sistemas de transporte em vários países.

: A presença no mercado internacional assegura à empresa as condições financeiras necessárias para o desenvolvimento destes planos na Região Metropolitana, ainda que em ritmo mais lento do que poderia acontecer.

 

PARA SABER

A proposta da China Railway divulgada no começo de 2017 era:

1 – Assumir o controle e as operações do Trensurb

– Implantar linha ligando Porto Alegre a Viamão a partir da avenida Ipiranga e usando a avenida Bento Gonçalves

– Implantar linha ligando Porto Alegre a Gravataí, passando por Cachoeirinha, a partir do terminal Triângulo e usando a avenida Assis Brasil

– Implantar linha ligando o centro de Porto Alegre até a zona sul da capital, no bairro Tristeza

– Implantar linha ligando a estação Ulbra, do Trensurb, ao campus da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas

6 – Implantar linha ligando a estação Mercado, do Trensurb, centro de Porto Alegre, ao Terminal Cairú, na avenida Farrapos, Zona Norte da capital

– Implantar linha ligando os bairros Mathias Velho e Guajuviras, em Canoas

 

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