Na beira da praia ele parecia vomitar. Um vento tão intenso quase arremessava as pessoas que, por ventura, tivessem saído de casa. Muito forte.
Depois as rajadas de água salgada movimentavam a areia fina que também corria para o mar. Era assustador. Em um segundo todo o espaço da praia se agitava.
O som do ciclone também causava medo. Um ronco, uma sinfonia de terror nunca antes presenciada enchia os prédios, janelas e portas.
Algumas, com o impacto, voavam. Eram vidros quebrados, galhos de arvores e pedaços de telhas. Arremessados por cima de muros e terrenos.
Em um instante muitas casas, próximas ao mar, foram atingidas. A paisagem se transformava na medida que o ciclone se intensificava.
De repente, um breu total em alguns bairros próximos ao mar. A luz foi apagada. Não se enxergava um palmo a frente do nariz. Velas e lanternas eram acessas. E na falta delas, as luzes dos celulares eram utilizadas.
Hora do jantar. Como cozinhar no escuro. Na manhã seguinte difícil encarar o mar. Ondas gigantes e com três metros de altura fariam, numa ocasião normal, o êxtase dos surfistas.
Mas até eles se assustaram. E, nesta manhã, nenhum quis surfar. Só ficou aquele “chuá” medonho apavorando todo mundo. Até a noite foi assim. Nos noticiários das tevês o cômputo dos estragos. Eram muitos.
Passados alguns dias, novas notícias. Mais um ciclone estava a caminho. Desde o mar revolto até o calçadão da praia, já despedaçado e desnudado por tantas intempéries.