Amar é assumir a responsabilidade e encarar com coragem a possibilidade de se encontrar vulnerável. Completamente despido, nu, sem qualquer máscara. Na festa a fantasia, quem ama se encontra em vestes transparentes, por vezes envergonhado, por vezes contente com a exibição.
Essencialmente românticos, há os que não temem mostrar seu miorcárdio feito de carne e sangue, expondo para quem quiser ver e tocar, é assim que se mostram aqueles que amam. Nenhum muro para que possam se esconder, do outro. De nós mesmos.
Amar é jogar no rio as suas vestes e ir de encontro ao jardim misterioso e belo que resguarda o amor. Tão desejado por todos. Tão temido por outros. Apenas os corajosos adentram o jardim, apenas os dispostos a encontrar lá o perfume da margarida, mas também o espinho da rosa. O amor é assim, ambíguo o tempo todo. Ao contrário do que muitos pensam, não é necessário estar pronto para ele. Somente estar aberto já é o suficiente. É preciso deixar que as flores do jardím te guiem nessa jornada. Por mais duvidosa que ela pareça ser.
A verdade é que nunca nos sentiremos prontos para encarar o mistério, para ser mistério é preciso ser desconhecido e o desconhecido assusta. Estar no jardim é não estar no controle, significa falar dos sentimentos, tornar-se vulnerável. No jardim é preciso ter paciência, apenas assim é que verás a primavera. Passará por todas as estações, mas para ver florescer é necessário esperar. Ninguém entra sabendo, no entanto, todos saem transformados. A beleza das flores, a marca dos espinhos. Tudo permanece em nós.
Quando somos instigados instigados para entrar no jardim, devemos estar cientes de que jamais seremos os mesmos. É necessário coragem, para desbravar o que tem lá, e responsabilidade para lidar com cada coração e história que dentro do amor nos é apresentada. Como estão as tuas flores? Ou tu ainda não foi convidado para tomar chá no nosso intrigante jardim? Não espere estar preparado, ninguém está.
Com carinho, Alice.