Eu vejo tudo mudar a todo instante e me pergunto se meu coração vai aguentar tantas idas e vindas. Então ouço o sussurrar da vida ao pé do meu ouvido dizendo: viver é isso, é um trânsito sem fim, é um baile que não termina.
São tantas oscilações que por vezes parece que não vou suportar a beleza e a dor, atravessando meu peito devagar e dolorosamente.
Eu vivo devagar e depois vivo depressa, amo muito e depois odeio, me vingo e sou vaidosa. Noutro dia porém, acordei com vontade de equilibrar e meditei, fiz uma prece e pedi que tudo fosse mais leve e foi.
Desenhei borboletas para representar toda essa efemeridade que me representa também, no entanto, não me senti representada. Pode isso?
E busquei a paz interior diversas vezes ao dia, encontrei e depois a perdi, mas sinto que amanhã ou depois vamos nos ver novamente.
Aos prantos eu disse para a vida que parasse, pois eu não sabia dançar. E quando vi já estava dançando com aquele desconhecido que amei tanto por alguns segundos.
Mudei tantas vezes desde o início do dia, é o que a Alice de Lewis Carrol diz, e eu concordo.
E todas essas mudanças são absolutamente necessárias e ao mesmo tempo cortantes. Já desejei viver algo que fosse como um placebo, tudo para não sentir o que sinto.
Mas no final eu já estava sentindo e dançando. Errando e acertando, dizendo olá e me despedindo. Sorrindo e chorando.
Eu gritava para Deus que não suportava mais tudo isso, que queria algo linear. E depois disso, pedia por um acontecimento em que pudesse me aventurar.
E descobria que nem eu sabia escolher, e Deus sabia tanto quanto eu que esse agridoce cintilante é viver.
Com inspiração, Alice!