Aqui nesse limbo, passeando por tudo que já fui, por tudo que sou e por tudo o que gostaria de ser e serei. Aqui, provando o amargo de minha breve existência, o doce de cada um de meus passos. O frio e o calor de ser tudo isso que sou. Sem ceder, sem reprimir, sem esconder.
Aqui, onde posso ser pequena ou grande. Aqui, onde ninguém me vê e sou minha única amiga. Aqui, no lugar de maior de intimidade do mundo. Aqui, onde toda palavra tem importância, conceito e sinônimo. Aqui, onde todo sentimento faz sentir e faz sentido.
Aqui, onde estou sozinha, mas acompanhada, e de alguma forma sou coberta por alguma compreensão divina, que só eu posso me dar. Aqui, no fogo cruzado onde não posso me evitar.
Aqui a céu aberto, onde não posso me esconder de mim mesma. Aqui, onde tenho medo, mas não sou covarde. Aqui, numa sala fictícia onde o único objeto é um espelho.
Aqui, onde estou me vendo por inteira e o que vejo é a graça e a poesia de tudo o que me compõem. Toda a felicidade e todo o desastre. O que sou e o que serei.
Vejo alguém acenando para mim de dentro do espelho: sou eu. Com todas as minhas dores tatuadas no meu corpo e no meu rosto. E do meu coração vejo sair uma luz forte: amor.
Vejo todos os meus defeitos, dos quais não posso me desfazer e nem negar. Vejo todas as vitórias de que posso me orgulhar e as alegrias de que posso me lembrar. E, finalmente, um corpo para abraçar.
Sou eu, me vejo sozinha na sala e percebo que sempre será assim. Eu e meu belíssimo e conturbado reflexo no espelho.
Com *AMOR*, Alice.