Escreva, dance, cante ou grite. Permaneça experimentando e mudando, mesmo que cortem suas asas ou coloquem fogo nas tuas vestes. Mesmo que no espelho, a tua face te pareça insana, te pareça frágil.
Permaneça escrevendo e dançando, para que tuas histórias vivam para sempre. Para que teus demônios sejam libertos, para que o teu corpo não padeça sob a monotonia que se estende nesses dias.
Permaneça escrevendo e cantando, para que tu não te tornes refém da tua própria loucura. E quando se expressar, ateie fogo nas tuas palavras e no teu movimento, nas tuas cores e no teu ritmo. Te cobre de luar, magia. Interpreta o teu personagem, e se deixa cativar pela melhor atuação que há, a tua.
Saia dos trilhos, de modo que eles pensem que te conhecem, coisa que no fundo jamais saberão. Conta dos teus infortúnios, e caminha livre pelas tuas frases descabidas, sem precisar da aprovação de terceiros para que sejas livre, tal qual um pássaro voa no céu.
Cria o teu próprio jeito de encarar a realidade, e de fantasia loucuras quando a vida doer. Não te encolha para entrar em lugares que não te pertencem por natureza. E faz um jardim com flores excêntricas, alimenta os peixes dourados e azuis, conta os teus segredos a eles.
Divida contigo esse sentimento ambíguo de ser quem tu és, confia nos seres que se manifestam dentro de ti, as partes que te compões e não ignora-te.
Na calada da noite, quando todos estão dormindo, a mágica acontece. Usa roupas que te agradem e pinta as unhas de vermelho, um terno ou uma coroa. Anda de vestido branco, sem medo da transparência.
E volta aos trilhos, diferente do modo que saiu, ainda melhor. Servirá ao diabo aos finais de semana, e aos anjos na segunda-feira.
Com espirituosidade e fantasia, Alice.