Segundo os estudiosos, a Páscoa se originou do latim pascha, que deriva do hebraico pessach, e tem como significado a passagem. Mas convenhamos essa data ficou mais comercial do que religiosa. A semana, considerada santa por muitas religiões, virou mais uma data super importante para o comércio, onde supermercados e lojas de presentes ficam lotados. O Diário de Viamão resolveu investigar um pouco mais a data comemorativa e buscou explicações com os católicos, espíritas, umbandistas e anglicanos.
As comemorações mais conhecidas da semana santa são os ritos de passagem da igreja católicos, já retratados em filmes, peças teatrais e livros. Tudo começa no domingo de ramos, onde a comunidade leva ramos de árvores para as missas em lembrança a chegada de Jesus Cristo a cidade de Jerusalém. Logo depois, tem as celebrações da quinta e sexta-feira santa, com missas que relembram o lava pés e a última ceia de Jesus com os apóstolos. No domingo, ocorre a comemoração da ressurreição de Cristo que relembra a sua primeira aparição aos apóstolos.
Todas essas comemorações pertencem a Quaresma, período de 40 dias em que fiéis cristãos permanecem em penitências ou períodos de jejum.
Os espíritas e a ressurreição
Segundo a Federação Espírita Brasileira, a páscoa deve ser lembrada e celebrada todos os dias e por todos os povos do Planeta, para reforçar a liberdade conquistada pelo povo judeu. Os espíritas não costumam ter um ritual simbólico, assim como os judeus e cristãos, mas a comunidade compartilha os significados de renovação da vida e do amor ao Cristo.

Os adeptos da doutrina espírita explicam que essa comemoração é o principal exemplo de reencarnação espiritual. A ressurreição do Cristo representa a vitória sobre a morte do corpo físico, e anuncia, sem sombra de dúvidas, a imortalidade e a sobrevivência do Espírito em outra dimensão da vida. Em outras palavras, todos nós somos espíritos que um dia iremos reencarnar novamente neste plano físico.
– Os discípulos do Senhor conheciam a importância da certeza na sobrevivência para o triunfo da vida moral. Eles mesmos se viram radicalmente transformados, após a ressurreição do Amigo Celeste, ao reconhecerem que o amor e a justiça regem o ser além do túmulo. Por isso mesmo, atraiam companheiros novos, transmitindo-lhes a convicção de que o Mestre prosseguia vivo e operoso, para lá do sepulcro – explica o artigo publicado pela Federação Espírita Brasileira.
Os anglicanos e a quaresma
Sabe aquela igreja lindíssima onde os príncipes William e Harry casaram na Inglaterra? Pois é, Viamão tem uma paróquia da Igreja Episcopal Anglicana, a mesmíssima que tem na figura da Rainha Elizabeth II, a chefe da igreja. A Paróquia da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, presente em Viamão desde 1895, se prepara para a Festa de Ressurreição de Nosso Jesus Cristo desde o início da quaresma. Segundo o reverendo Paulo Chiechelski, pároco da Igreja e capelão do Lar Alice Kinsolving, os anglicanos também praticam as atividades de penitência da quaresma:
– Vivemos o tempo quaresmal com respeito ao sagrado e com oração, jejum e caridade. Esses são os principais pilares que antecedem a Ressurreição. Levamos com certo, ou muito, empenho esses três quesitos. A quaresma é sinalizada aos nossos fiéis com o Rito de Imposição das Cinzas oriundas dos ramos bentos do domingo de Ramos do ano anterior. A Semana Santa é muito enfatizada na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – diz o reverendo.

Os ritos da Igreja Anglicana se assemelham muito com a Igreja Católica, justamente porque as duas religiões têm a mesma origem histórica. Imagens e ritos são praticamente os mesmos e isso se reflete também na própria programação da semana santa.
Segundo o reverendo Chiechelski, os anglicanos realizam a cerimônia de lava-pés e eucaristia na quinta-feira santa. Na sexta-feira, um "Ofício de Trevas" às 15h marca o suposto horário da crucificação além de solenidade com ênfase nas estações da via-sacra. No sábado de aleluia é preparada uma vigília pascal na expectativa para a ressurreição. A festa da ressurreição também é celebrada no domingo.
Semana santa também para a religião africana
A religião de matriz africana, umbanda e quimbanda, tratam a quaresma que antecede a páscoa de forma bem rigorosa. É durante a quarentena, que inicia logo depois do carnaval, que as casa religiosas recolhem os orixás e praticam muito pouco as atividades. Segundo Leandro Souza, mais conhecido como Pai Leandro de Oxum da casa Ylê Africano Oxum e Oxalá, esses rituais não são fundamentos da religião africana, mas uma tradição herdada da igreja católica. Com uma simples explicação: os escravos eram obrigados a mistificar os orixás e seguir as crenças católicas.
– Nós temos a tradição, não é fundamento. Fundamento é aquilo que agrega nossa religião, que faz a nossa religião por si só. Tradição é aquilo que nós costumamos fazer por alguém. Então, nós temos a tradição de cumprir os quarenta dias de quaresma e romper aleluia no sábado com festa e comida para orixás – explica Pai Leandro de Oxum.

A páscoa também é um momento de solidariedade entre os freqüentadores da umbanda e quimbanda. A casa Ylê Africano Oxum e Oxalá faz doações de ovos de chocolate e brinquedos para famílias carentes do bairro Santa Isabel. Ao longo do ano, ocorrem campanhas de doações de agasalhos e alimentos.
– Cada um deve ter uma atividade social, tanto como Pai de santo e como ser humano – acrescenta Leandro.






