O tablet do velhinho

Tio José acabava de completar 87 anos. Seu bisneto, Renatinho, queria colocar o “biso” a par da tecnologia vigente. E o presenteou com um tablet última geração. Aí começou o inferno zodiacal do Seu José. Que até a chegada do dito tablet – que chegou embrulhado em papel prateado e protegido por uma caixinha – se mantinha bem atualizado. Tinha celular, vários e-mails e até conversava volta e meia com umas amigas no FaceBook. Também usava a WebCam para se comunicar com uma neta que estudava em Londres. Enfim, estava dominando. Mas o tablet estava embaralhando seus neurônios. Era muita tecnologia para pouco conhecimento.

Ele não sabia o que fazer com o presente do bisneto.Em busca de esclarecimentos, ligou para um técnico conhecido. O rapaz disse a ele, que primeiramente era necessário “configurar o tablet”. O velhinho trêmulo queria era ver aquilo funcionando.

Gritou num português incompreensível: “Como eu configo isto?” Parecia estar pensando numa lata de compota. Mas não era “figo”. Ele queria dizer “configurar”. Desligou o telefone, agradeceu ao técnico. Com as instruções à mão, tentou ligar o tal tablet.

Depois de configurado, novas indagações: Como é que são colocados os aplicativos? Como faço para ler meus jornais? Seu José era só interrogações! Ele queria aprender a chamar o táxi pelo Tablet, queria ler livros e jornais e usar o Google earth para localizar cidades em vários países. Onde os demais netos, moravam e estudavam. De tipo físico italiano atarracado, seu José descobriu ainda,que tinha o dedo indicador muito grosso para deslizar na página inicial do Tablet. Apertava o teclado virtual e o toque abarcava duas letras. Aquilo estava enervando o velhinho.

Passou parte da tarde mexendo no aparelhinho.

“Acho que vou desistir de usar isto”, dizia.

“É muito complicado”.

Até que soou a campainha da porta do apartamento do Seu José. Era uma vizinha. Conversa vai,conversa vem, colocou seu problema a ela. Que imediatamente o elucidou. Tirou da bolsa seu Tablet,também de última geração, e foi lhe dando uma aula prática. Seu José tinha excelente memória e foi aprendendo direitinho o que a vizinha lhe ensinava.  Do alto de sua idade avançada era um privilegiado. Quando a maioria do pessoal de sua faixa etária está bem longe deste tipo de aprendizado.

Toca o telefone. É o Renatinho querendo saber as novidades do “biso”.

– E aí “biso” está gostando do Tablet?

E o velhinho: “Bah se estou. Já montei até uma Biblioteca virtual baixando livros em PDF”.

Como fez isto, indaga o bisneto? Ele responde: “ Passei do meu e-mail para o Tablet. E, segundo informações da minha vizinha, poderei incluir até 30 mil livros nas estandes virtuais”.

Tio José agora, a caminho para Xangrilá ,onde a turma da praia o aguarda, levará numa simples caixinha, um acervo de mais de trinta livros. Que serão lidos com a maior clareza na telinha do Tablet. O bisneto boquiaberto, achou  que o “biso” revolucionou o presente. Viva a tecnologia!

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