Portadores de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, asma e indivíduos acima de 60 anos são os mais propensos a ter complicações e morrer de COVID-19. Ainda sem dados da Secretaria da Saúde, faço uma projeção do ‘grupo de risco’, aplicando estatísticas do Ministério da Saúde de 2019 sobre a população de Viamão.
Siga os dados, um dia depois do número de infecção pelo SARS-CoV-2 crescer 30% em apenas horas em Viamão, um dia depois de o Ministério Público iniciar mais uma investigação sobre repasses da Prefeitura à empresa que faz a gestão dos postos de Saúde, depois da paralisação dos servidores das unidades básicas por falta de pagamento dos salários; e a 48 horas da última tentativa da Prefeitura em liberar o comércio barrada pelo MInistério Público.
Os idosos são 27.353 mil em Viamão, 10,7% dos 255.224 habitantes projetados pelo IBGE para o ano passado.
Os hipertensos, ou com complicações cardiovasculares são 63.040, ou 24,7% da população.
Os diabéticos, 7,6% das pessoas, perfazem 38.794.
Asmáticos são 7.656 mil, ou 3%.
Pessoas com HIV são 766, ou 0,3%.
Portadores de doenças renais 255, ou 0,05%.
Acima do peso correspondem a mais da metade da população: 142.160 (55,7%).
20% da população de Viamão é considerada obesa: 51.045.
Conforme reportagem do Grupo Abril, estudo do British Medical Journal (BMJ) traz novos dados sobre a letalidade nos grupos de risco do novo coronavírus.
Os pesquisadores avaliaram 113 pessoas que morreram e outras 161 que se recuperaram da infecção em Wuhan, na China, onde a epidemia foi deflagrada. A idade média dos que vieram a óbito era de 68 anos, contra 51 nos curados.
A hipertensão arterial é uma das comorbidades mais associadas às complicações fatais: 48% dos falecidos tinha pressão alta, ante 24% dos que se recuperaram — o dobro!
Entre os que morreram, 21% possuíam diabetes — esse número caiu para 14% entre os que ficaram bem. E 14% dos falecidos sofriam com outras doenças cardiovasculares.
Provavelmente, os idosos estão mais suscetíveis às complicações do SARS-CoV-2 por causa de alterações no sistema imunológico naturais da idade. No caso dos males cardíacos, a circulação prejudicada e a debilidade dos pulmões parecem favorecer a agressividade da infecção.
Já o diabetes, principalmente o tipo 2, é um fator de risco para o agravamento de diversas infecções. Isso porque prejudica as defesas do organismo contra vírus, bactérias e afins.
Outros problemas são relacionados a complicações em decorrência do SARS-CoV-2: asma, enfermidades hematológicas, doença renal crônica, imunodepressão (provocada pelo tratamento de condições autoimunes, como lúpus ou câncer) e obesidade também estão ligadas às mortes.
Para as doenças que atacam os pulmões, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a relação é clara. São transtornos que já atrapalham a respiração. Nesse cenário, há acúmulo de secreção pulmonar e aumento da sensação de falta de ar.
Portadores da doença renal crônica também são incluídos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como membros do grupo de risco da COVID-19. Isso porque os rins são responsáveis pela filtragem do sangue e participam da resposta imunológica frente à uma ameaça viral. Fora que a lesão desses órgãos geralmente vem de outras doenças crônicas associadas a sintomas graves da infecção, como hipertensão e diabetes.
Sem dados oficiais da SMS, que também nãoi representariam a realidade exata, devido à subnotificação, não consigo chegar ao número exato de viamonenses no grupo de risco.
Não é possível somar todas as incidências, porque chegaríamos a 287.512 pessoas, número maior que a população. Obviamente, há muitas ‘comorbidades’ nas mesmas pessoas.
Mas inegável é que os números são assustadores e, acredito, produzam olheiras no rosto do prefeito, como tratei em MPF ameaça Russinho por isolamento social; ’CPFs ou CNPJs cancelados’ em Viamão?.
Ao fim, quem escapou de algum dos percentuais (alguém?), tenha ao menos compaixão e empatia por aqueles que estão com a vida em risco e sabem que não basta fazer arminha para ‘matar’ o vírus. Pois caso o governador revogue o Decreto Estadual 55.177, ou o prefeito Russinho use de sua teimosia e tente novamente desobedecer a Eduardo Leite, mesmo que coloque seu mandato em jogo, o comércio vai reabrir em Viamão – e aí os problemas vão começar de fato.
Pelo exemplo do mundo, quando CNPJs ganham de CRMs, aos CPFs reservam-se ambulâncias, leitos, respiradores e, infelizmente, sepultamentos em caixão fechado ou cremações sem velório, como antecipei em Vítimas da COVID 19 devem ser cremadas em Viamão; caixão fechado.
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