Pacto de felicidade

Há muito tempo atrás fiz um pacto comigo. De viver acreditando nas grandes ilusões. Do contrário, a vida seria muito áspera. Já pensou viver sem ilusão? Já pensou se não existisse poeta que inventasse em palavras e frases, uma beleza infinda para a vida. Se não existisse ator e atriz para viver os diversos papéis que a gente também interpreta diariamente. Se não existisse artista plástico colocando nas telas as cores que a gente quase esquece. E, que tranquilizam nossa mente. A beleza existe. E passeia por aí. Mas é necessário crer nesta visão-ilusão de mundo. Eu diria, mais feliz. Menos aterradora.

Com um amigo realista e culto, confrontei ideias. Ele disse: “A vida é um sacrifício inútil. Só tem coisas negativas”. Contestei-o, baseada no pacto de felicidade que eu fiz ou criei para mim, lá na minha infância. Talvez em presença de meu pai. Que gargalhava. Que até podia, fingir ser feliz. Que transmitia uma desmesurada alegria. Eu acreditava no meu pacto. E mais ainda, em meu pai. Se ele nunca se queixou da vida, é porque era boa. Ele era o meu mestre. A minha referência.

Para meu amargo amigo, listei o que eu julgava serem coisas boas da vida: A própria vida com a crença infinita em Deus. E mais, ar puro, água, banhos, comida, vinho, piscina,champanhe, chocolate, flores, crianças, viagens, compras, cinema, leitura, namorado, teatro, poesia, Internet, perfumes e árvores.

Ele rebateu: “Tudo mentira, minha querida”. Ele insiste em viver amargo: é infeliz. Eu prossigo no meu sonho: sou feliz. Não vou negar que enxergo também o mal da vida. Mas eu o rejeito. Não o quero para mim. Quero é a minha liberdade. Me extasiar com o canto dos passarinhos. Acariciar minhas cachorras, pois elas são fiéis. Plantar ervas e flores. Sentir a terra, a água, o ar e o fogo. Escutar os segredos da Lua Cheia. E medir com toda a rapidez possível, o caminho da estrela cadente. Que atrevida, risca o céu rapidamente.

E, se puder levantar bem cedinho, irei ver coisas ainda mais lindas: um arco-íris em frente à porta. Uma neblina suave escorregando pelos telhados. Vindas lá da Lagoa dos Patos. E a própria serenidade do amanhecer. Sempre único. Sempre surpresa. Talvez sendo até, uma outra, grande ilusão. Mas que é extraordinariamente necessário à minha felicidade. E a de todas as pessoas que seguem caminho alternativo. Não, na pura razão. Mas com uma farta pitada de ilusão.

 

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