Algo nela surpreendia. Sua aura talvez, correspondesse a cor rosa. Emanava amor. E sonhos. Sonhos voluptuosos de criação. Sonhos de sua terra, o pampa gaúcho. Nascida numa cidadezinha limítrofe da capital gaúcha tinha estilo rural, mas não deixava de ser também, urbana. Assim chegante e chegada ia compondo versos com interminável amor e ternura. Os temas, em sua maioria, eram sentimentais.
Era sempre a primeira a comparecer aos saraus poéticos. Que aconteciam numa cafeteria da cidade. Sua indumentária de brilhos lhe dava um ar teatral. Depois ela recitava seus versos, sempre ovacionada pelos presentes, apreciadores de poesia.Sei lá onde ela comprava as roupas que vestia. Seu perfume era marcante. Aveludado e penetrante. Tìpico de Paco Rabane.
Seus cabelos repartidos,estilo da atriz alemã Marlene Dietrich lhe imprimia ares de uma verdadeira mulher das letras. ”Brincava com a palavra”, dizia. E encantava. Não sei de onde buscava tanta inspiração para se renovar poeticamente. Todos apreciavam suas poesias, cheias de encantamento. Os saraus eram acompanhados por vinhos e petiscos aos olhos de escritores, jornalistas, músicos e pessoal das artes. Do teatro, principalmente.
Certo dia, escreveu Mário Quintana em seu “PEQUENO ESCLARECIMENTO”:
“Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio – um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos. Um silêncio para criar… Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês”.
Ela, a poetisa, criava neste silêncio testemunhado pelo Quintana. Depois passava os textos para o papel. Em pinceladas atrevidas, de quem se emociona com a criação. Fazendo todos sonharem. Fazendo todos felizes.
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