No dia 26 de setembro, a Associação dos Moradores da Vila de Itapuã (Ascomovita) recebeu o segundo encontro para tratar da viabilidade de se implementar a aquicultura nesta região. Embora marcado para um dia útil e horário de expediente – às 14 hs de terça-feira –, o encontro serviu para avançar as tratativas e, principalmente, para elucidar muitas das dúvidas que antecedem a elaboração do projeto. A primeira conversa entre as partes ocorreu no dia três de agosto, no mesmo local.
Além de pescadores artesanais, de representantes da comunidade e da própria Emater/RS, a presença do DDPA, representado pelo pesquisador Marco Aurélio Rotta, atestou a importância do tema pautado na reunião, sinalizando que a conversa avança pelos caminhos devidos. “A primeira preocupação deve ser com os aspectos legais, através de um projeto bem elaborado desde o início, só assim evitaremos que a ideia desmorone lá na frente”, previne Rotta.
Entre um chimarrão e outro, Gladimir Ramos de Souza, chefe do Escritório da Emater/RS – Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (Ascar) de Viamão, aproveitou o conhecimento de Marco Rotta, que é Doutor em Gestão de Cadeias Produtivas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e por dois anos foi consultor do Instituto Tecnológico Peixes do Brasil (ITPB), para esclarecer questões mais técnicas, voltadas ao agronegócio.
Rotta salientou diferenças que existem entre as culturas do produtor e do pescador artesanal, e lembrou algumas peculiaridades básicas que envolvem o manejo responsável da piscicultura, como, por exemplo, o trabalho diário de manutenção das gaiolas e a freqüência com que os peixes precisam ser alimentados – no mínimo três vezes por dia nas duas primeiras fases de vida, segundo ele.
Quanto às espécies que seriam ideais para o cultivo, o pesquisador disse que é preciso estudar as diversas características da região, mas fez questão de destacar que acredita muito na tilápia, sobretudo, pela fácil adaptação e o forte potencial econômico deste peixe. Um exemplo de piscicultura de tilápia, mencionado por ele, é o do grupo paulista Ambar Amaral, da cidade de Santa fé do Sul, que, em algumas regiões, consegue criar o peixe dentro dos arrozais.
Cuidados prévios ao projeto são imprescindíveis para evitar entraves posteriores. Crédito: Gerson do Valle – divulgação
Ao ser questionado sobre a existência de outros programas, já em execução, que sejam semelhantes ao que seria implantado em Itapuã, Marco Rotta foi enfático: “em ambiente nativo, eu desconheço”. Segundo ele, o possível ineditismo do projeto pode até demandar um tempo maior para que seja posto em prática, “mas, se der certo, é um ativo (financeiro) sensacional. Não tenham dúvida nenhuma disso”.
Para o próximo encontro, cuja data ainda será definida, o representante do DDPA ficou de buscar, junto à Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), detalhes para assegurar o projeto do ponto de vista da legislação ambiental. No entanto, aposta que a possibilidade de unir, em um só projeto, segmentos tão importantes no atual contexto social, como a atividade socioambiental e a pesquisa científica, representa um forte argumento para obter o apoio de autoridades e órgãos responsáveis.