Só quem teve o repentino susto de ver o guarda-sol arrancado e voando pela praia, conhece a emoção do verão gaúcho e seu famoso vento nordestão. Só quem viu os guris do surf saindo do mar, tiritando de frio, sabe a sensação de um mar bem geladinho.
E no quesito palavreado, só quem viaja para Capão da Canoa conhece a diversidade dos sotaques que são falados durante o veraneio. Tem serranos da colônia alemã e italiana, fronteiriços, missioneiros e muita gente da Capital, com aquele “Bah” mais urbano. Estilo parisiense. E, agora em 2018, acrescente-se a isto, o “portunhol dos hermanos argentinos”. Que também são um show à parte.
Fevereiro é um mês típico, pois além da praia, tem Carnaval. E a programação dos Clubes praianos do Rio Grande do Sul costuma ser bem divertida. Muitos bailes animam os salões e os pubs. Mas tem aquele gaúcho resistente. Que não gosta de Carnaval nem das pitorescas praias do nosso Litoral. Tem orgulho de dizer: “Vou para Santa Catarina”! Ou os mais abastados: “Vou para Punta”! Seja lá como for, insisto em ficar aqui. Na Capão da Canoa, de todos nós. Na nova Capão da Canoa. Da Avenida Beira-Mar revitalizada. Do Quiosque do Vavazinho. Sem roda de samba, mas com som mecânico de causar frisson.
A paisagem na praia começa com a chegada das gurias bem branquinhas. Elas não tem o bronzeado das cariocas nem das nordestinas. Mas ao final da temporada, pelo menos provisoriamente, assumem a cor canela. Para desfilar por suas cidades com aquele ar superior de quem fugiu do calor e passou temporada na praia. Mas quando abril chegar o sonho se desfaz. O bronzeado vai esmaecendo. E viram novamente, ”peles gaúchas”. Por sua vez,os guris branquinhos, hoje estão cada vez mais metrosexuais. Basta observá-los à beira-mar usando bronzeador, protetor solar e cremes variados.
Aí… nos tempos do “El Nino”, o sol desaparece. A paisagem da praia também muda. São tios e tias caminhando pelo calçadão num compasso nada agressivo. Em “marcha lenta”, digamos assim. Usufruem do ar marítimo com aquela calma característica da terceira idade. São tantos, que há congestionamento de tios. Mas estão por aqui, fugindo do calor e das outras intempéries, que vem eclodindo ultimamente.
O comércio da praia também é bem variado. Comerciantes itinerantes vendem de tudo à beira-mar. Com a novidade de aceitarem pagamento com cartão, graças às maquininhas que processarão o dinheiro. Comercializam chapéus, óculos, roupas, bijouterias e artigos comestíveis. Enfim, um grande shopping a céu aberto. Inclusive, com praça de alimentação. Depois, segue um gostoso banho de mar. O mar de Capão. Que este ano, está mais verde do que nunca. Graças às algas marinhas. É férias. É fevereiro. E a praia, é gauchíssima!