Contribuir para a educação pública brasileira se transformou em tarefa ainda mais urgente durante a pandemia do coronavírus. A ausência de recursos financeiros, tecnológicos e capacitantes é sentida de forma ampliada por diretores, professores, estudantes e suas famílias.
A missão de ensinar ganhou novos significados. Os professores, em maioria, não foram treinados para transmitir conhecimento a distância. Tampouco receberam materiais – didáticos e técnicos – voltados para tanto. É preciso se reinventar, empregar meios próprios como notebooks, smartphones, livros, gravar vídeos, criar sites e investir dinheiro do próprio bolso.
Na outra ponta frágil desta realidade, alunos de cidades periféricas, que muitas vezes sequer possuem lápis e cadernos, agora têm também a falta de internet como inimigo.
Na lista de chamada da professora Roselita Campos, a desigualdade é a presença mais assídua. A educadora da rede municipal de Viamão cita as dificuldades impostas pela distância e a aplicação e manuseio de ferramentas tecnológicas.
– No momento, a mais fácil e acessível é o WhatsApp. Infelizmente, o custo com a manutenção e disponibilidade de internet é por conta de cada educador, e também daqueles alunos que ainda pouco têm para custear. Isso pode acarretar a evasão escolar no município e outras regiões com índice de desenvolvimento humano abaixo da linha de pobreza. Este cenário é preocupante para toda a sociedade – entende Roselita.
As escolas de diferentes regiões brasileiras vivem momentos diferentes. Enquanto no Sudeste há movimento de retorno, ainda que com restrições, ao modelo presencial, a realidade do acesso remoto permanece no Rio Grande do Sul. A secretária da educação de Viamão Simone Costa da Silva lembra que o período é desafiador.
– São enormes os desafios para implantar, ainda que de forma temporária, a educação a distância, pois a realidade apresenta alguns alunos e algumas famílias que não têm acesso à tecnologia. Compreender os distintos perfis socioeconômicos, da mesma forma que reconhecer o empenho dos educadores, é fundamental para o planejamento das atividades por meio de ferramentas digitais. Também organizamos o envio por meio físico de livros didáticos e atividades impressas aos educandos sem acesso à tecnologia – diz a secretária.
Apoio
Com o objetivo é apoiar os gestores de educação, um projeto do Itaú Social busca dar suporte a problemas causados pela pandemia. Materiais de apoio para atividades pedagógicas não presenciais, educação especial na perspectiva da Educação Inclusiva e transporte escolar passaram a ser ofertados pelo percurso formativo Educação na Pandemia.
De acordo com a gerente de Implementação do Itaú Social, Tatiana Bello, os conteúdos são voltados às equipes técnicas das secretarias municipais e estaduais e gestores consorciados de forma regionalizada.
– Ouvimos municípios, gestores regionais e Estados. Formamos uma rede de colaboração com mais de 4,6 mil profissionais para entender onde estão os desafios. Já são 18 iniciativas próprias em 356 municípios de oito Estados – explica Tatiana.
Através de seu ambiente virtual de formação (polo.org.br), o Itaú Social disponibiliza gratuitamente os conteúdos. Além dos novos temas, também estão disponíveis materiais sobre calendário letivo, alimentação escolar, prestação de contas e gestão financeira e de pessoas. Recursos como vídeos, apresentações e planilhas estão disponíveis na plataforma.
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