Ridi: sabíamos que podíamos perder, mas essa diferença?

Ridi fez 18,8 mil votos para prefeito e ainda não sabe se concorre a deputado em 2018 | Foto: Rodrigo Becker

45 dias após a eleição que sagrou André Pacheco prefeito de Viamão, seu principal adversário, Eliseu Chaves, o Ridi, faz um grande balanço da campanha, do PT e das razões da derrota do partido em 2016

 

– Quando a gente entrou na disputa, sabíamos que podíamos perder. É do jogo. Mas essa diferença nos assustou. Ninguém esperava – diz Ridi.

Aos 57 anos – 56 deles vividos na Santa Isabel, em Viamão -, o filho de seu Teodoro e da dona Maria de Lourdes não sofre tanto com as derrotas da vida como sofria lá no início dos anos 80, quando cursava técnicas contábeis no Isabel de Espanha. Formou-se em Pedagogia, foi eleito vereador, prefeito duas vezes e vereador de novo.

Tempo suficiente para viver o auge do PT em Viamão – e estar presente também em seu pior momento.

– Foi uma campanha desigual. O PT enxuto, pequeno, mesmo depois de 16 anos de governo na cidade. Mas foi uma campanha honesta – frisa.

– Eu sei que teve candidato a vereador que gastou mais do que eu e o Zé (Zé Lima, candidato a vice na chapa de Ridi) gastamos na nossa campanha – diz, com gravidade, mas sem acusar especificamente ninguém.

Para Ridi, o resultado teve a ver com o momento em que o PT atravessa.

– Levando em conta o anti-petismo, a nossa falta de estrutura, não acho que foi um resultado completamente ruim. A mídia e as forças conservadoras conseguiram por na cabeça das pessoas que o PT representa todo o mal desse país. O PT virou a Geni.

E a Geni não cometeu erros?

– Cometemos erros, sim. As pessoas cometem. Mas o PT, como partido, culturalmente, contribuiu muito com a democracia brasileira.

 

Saldo interno melhor do que o externo

 

Quem olha para os 18.841 votos que a chapa Ridi e Zé Lima fez – André chegou aos 56,7 mil votos – tem um pouco da dimensão do que estrago que a derrocada da esquerda fez ao PT em cidades como Viamão, mas não enxerga com precisão os efeitos disso para dentro do partido.

Ridi conta:

– Ficamos mais enxutos, mas conseguimos a unidade. Todos os nossos candidatos pediram votos para a majoritária. Em outros partidos, a gente sabe que não foi assim.

Típico "tô-nem-aí" em que política se transformou: o candidato não se importa com a campanha do prefeito, desde que o eleitor vote nele para vereador.

– Não posso reclamar: não vi isso na nossa campanha.

 

Indicação tranquila depois da debandada

 

Ridi quase não foi o candidato do PT nas eleições – mas, a bem da verdade, ele sempre teve muita fé em sua própria indicação.

No final do ano passado, o partido vinha discutindo com certa mansidão a sucessão do prefeito Valdir Bonatto. Na época, o prefeito ainda ensaiava uma candidatura à reeleição e o nome de André Pacheco, embora colocado, não era uma certeza.

No PT, cinco pré-candidatos queriam a vaga: Maninho Fauri, Dédo Machado, Alex Boscaini, Ridi e Serguinho Kumpfer.

Maninho Fauri, então vereador mais votado da cidade, falava em concorrer. A exemplo do que acontece agora sobre a presidência da Câmara, Maninho não tinha articulação política que o levasse à uma convenção com chances de enfrentar nomes mais cascudos do PT, como o próprio Ridi.

Acabou usando o fato como pretexto e se entendeu com o PSD. Entrou para o governo, apoiou André Pacheco e fala em concorrer a deputado, em 2018.

Outro candidato a candidato que acabou deixando o partido na janela do troca-troca de março foi Dédo Machado. Os 30 anos de filiação ao PT acabaram quando o partido não lhe deu guarida à ideia de concorrer a prefeito em nome de uma unidade das oposições, que acabou não se confirmando. O PDT deu – e Dédo foi. Fez 3.631 votos.

Alex Boscaini, que vinha especulando uma candidatura de retorno ao governo depois de quatro anos fora, abriu mão para Ridi dias antes da convenção. Imaginava trocar uma peleia dura na disputa pela prefeitura por uma vaga certa na Câmara.

Não deu. Alex é o primeiro suplente da bancada do PT.

– Acabou sendo muito tranquilo no PT. O Serginho também entendeu a minha disposição por concorrer. Mas nunca impus nada – lembra.

 

Ridi, nos tempos do primeiro governo do PT em Viamão, em todo que mostra o Centro da cidade na época

 

Futuro: fazendo política

 

De certo mesmo, para Ridi, só a reapresentação no Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre, o DMAE, onde é servidor público, em 2 de janeiro de 2017.

– Eu passei 16 anos em licença para exercer cargo eletivo. Agora volto sem problema.

Ridi, no entanto, pode não precisar se distanciar de Viamão – e nem da política.

– Pertenço ao grupo político do deputado Paulo Pimenta, que tem feito a linha de frente da defesa dos avanços dos governo Lula e Dilma. Existe a chance de estar com ele e ficar mais liberarado para fazer o que eu sei e gosto de fazer, que é a política.

Candidato em 2018?

– Talvez, mas não faz parte dos meus planos – resume Ridi.

– Eu gostaria de ser prefeito de novo, isso me motiva. Já concorrer a deputado… não sei. A única vez que Viamão conseguiu foi com Tapir Rocha. De repente, tá na hora de novo.

 

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