Em tempos de pós-verdade e novo normal, obrigo-me a dar parabéns ao prefeito de Viamão por, nesta crise do coronavírus, não seguir o exemplo do político que ocupa o maior cargo do país.
Valdir Elias, o Russinho, anunciou a suspensão das aulas, de eventos das prefeituras, e está publicando decreto regulando ações no serviço público, como a priorização no atendimento a suspeitas de contágio, além de recomendar atenção à iniciativa privada.
As medidas estão na reportagem Aulas suspensas e atenção máxima: o resumo do dia em que o corona começa a parar a região, produzida pelo Cristiano Abreu no Diário de Viamão.
O que reputo principal: Russinho deu a gravidade correta à crise. Fez o óbvio, sem politizar vida e morte. Não foi preciso chamar o bom senso de comunista e nem brigar com a ciência.
Já Jair Bolsonaro mostrou ser um irresponsável, um desinformado ou um informado do mal ao, recém testado para o vírus, participar da manifestação do domingo, além de dar uma entrevista desastrosa à CNN minimizando os riscos da pandemia.
Suspeito informado do mal porque o Banco Central – por obra de seus técnicos – tem uma projeção desde a quarta de que a explosão do vírus no Brasil pode superar a progressão da China e da Itália.
O Presidente da República não sabia? Ou o ‘mito’ não acreditou nas estatísticas, terraplanificou os alertas e colocou a tentativa de homicídio para análise em uma placa de petri, desafiando mais uma vez as instituições?
Opinião minha: o Presidente da República agiu como um ‘imbecil de cartaz’.
Postei meme em meu perfil no Facebook e leitores opinaram. Prepare a máscara e clique aqui para ler. Senti falta de uma unanimidade na empatia, que é uma coisa mais intuitiva e acessível que a inteligência.
As potenciais vítimas são menos o cliente de plano de saúde que entra de carro do Albert Einstein, ou no Moinho de Vento, do que o pobre que depende do SUS, como o operário ou a doméstica no Viamão lotado.
Dói, de tão simples.
Sem levar a sério os riscos, e sem o comprometimento daqueles que podem fazer algo pelos alvos mais frágeis, inevitavelmente teremos um colapso na rede de saúde nos próximos 45 dias.
Russinho fez o apelo.
Isso não tem nada a ver com o lado que cada um ocupa da ferradura ideológica.
Preocupante é quando o gestor calça a ferradura e ferra com aqueles que mais precisam dele.
Ou, mais assustador, inspira e se comporta como um Jim Jones.