O Hospital Viamão, de novo, pede socorro. Com atrasos nos repasses por parte do governo do Estado que já ultrapassam os 15 milhões, alguns dos serviços estão paralisados por tempo indeterminado. Alguns deles, como o laboratório onde são realizados os exames e as cirurgias eletivas estão suspensos por tempo indeterminado.
Uma reunião promovida pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) – que terá a presença da diretoria do Hospital e representantes da prefeitura – será realizada hoje, às 17h, e deverá debater os próximos passos a serem seguidos.
O CMS é formado por representantes do governo e prestadores de serviços (25%), por profissionais (25%) e usuários organizados (50%).
O prefeito André Pacheco adianta que o município está fazendo o seu papel para tentar suprir os serviços que estão em falta devido à paralisação.
— Nós estamos mantendo, mesmo sem os repasses do governo federal, a UPA da 36h e estamos tentando disponibilizar a realização de todos os exames que hoje o hospital não tem condições de fazer. Mesmo cabendo ao município o atendimento de baixa complexidade, nós não estamos nos omitindo.
André também lembrou que mais três Unidades Básicas de Saúde devem ser inaguradas.
– Será um entre a Florescente e a Universal, outro na São Lucas e o terceiro no Pró-Morar.
Falta de repasses não é novidade
Em junho desse ano, a situação grave pela qual passa o Hospital de Viamão foi tema de duas reuniões propostas pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS). Os encontros reuniram integrantes do CMS, da diretoria do Hospital e representantes da Secretaria Municipal de Saúde, Prefeitura de Viamão, Câmara Municipal e entidades representativas do município (Acivi, Sindilojas, OAB, CDL, Rotary Club, Sesc/Fecomércio, Lions Club).
Na época, foi relatado que a situação era considerada difícil devido ao atraso no pagamento de valores acertados em convênio com o governo gaúcho. A Fundação afirmou que não recebia desde fevereiro a verba relativa ao programa de incentivos estaduais para o hospital, no valor de R$ 3,1 milhão ao mês.
De acordo com os dados apresentados na ocasião, o total de atrasados devido pelo governo do RS para o Hospital de Viamão chegava a mais de R$ 12 milhões. Eles explicaram ainda que esses atrasos geravam uma série de problemas para a administração, como atraso na folha de pagamento e de fornecedores, mas foi ressaltado que a Fundação vinha lutando para manter os pagamentos com o menor atraso possível.
Uma Carta Aberta foi divulgada com a assinatura de todas as entidades representativas do município, em defesa do Hospital, com o intuito de apresentar suas preocupações sobre o momento que o Hospital estava vivendo. O documento foi encaminhado a diferentes órgãos públicos como Ministério Público, Poder Judiciário e Governo Estadual.
Valores apresentados em junho de 2016
Raio – X do hospital
– Viamão tem uma população estimada de 251 mil habitantes e estima-se que 84% da população de Viamão dependa exclusivamente do SUS;
– O Hospital possui 175 leitos disponíveis, sendo que 161 são para atendimentos do SUS;
– Custo mensal da Emergência do Hospital R$ 1,7 milhão;
– São realizadas em média por ano: 5,9 mil internações, 61 mil atendimentos na emergência, 14 mil atendimentos de consultas especializadas, 540 mil exames laboratoriais, 38 mil exames de raio-X.
– O Hospital de Viamão é referência para as cidades de Alvorada e Cachoeirinha nos atendimentos de traumatologia, neurologia e saúde mental.