Sessão da Câmara tem acusações veladas e explícitas: o UFC eleitoral Viamão

Edição de vídeo: Guilherme Klamt

A Câmara de Vereadores proporcionou – outra vez – uma tarde/noite de acusações, discursos eleitoreiros e produtividade nula do ponto de vista Legislativo. No "UFC Viamão", motivado pela disputa eleitoral, sobrou ataques até para colegas de partido. É mais um "grandes lances dos piores momentos da política", como costuma dizer o colega Rafael Martinelli.

A "Ordem do Dia" – a pauta do encontro – não previa grandes projetos. Mas é fim de mandato, e, talvez por isso, os egos estão sensíveis, e os discursos inflamados. Na abertura da sessão, o presidente Eraldo Roggia (PTB) desmentiu na tribuna os boatos de novo acordão para destituir – novamente – a mesa diretora da Câmara, o que tiraria ele do comando da Casa e Nadim Harfouche (PSL) da Prefeitura.

– Eu acredito que não é o momento. A gente sabe que existe um grupo em Viamão, um grupo podre… eu chamo podre, perdido na cidade… porque eles sabiam fazer política com cargos, com negócios que agora não têm – disse Eraldo.

Se a fala do presidente serviu para desfazer os boatos, desagradou alguns dos colegas de plenário. Márcio Katofa (PSB), rebateu:

– Nosso presidente Eraldo chamou a todos aqui de banda podre. Eu não sei se ele "tava" com espelho na frente, ou o que. Ele, que eu saiba, tem processo na Polícia Federal e ameaçou o vereador Lucianinho (PSB), que fez pedido de informação para a mesa desta casa – respondeu Katofa.

Evandro Rodrigues (DEM) também comentou o episódio.

– Sou obrigado a concordar com o vereador Katofa. Nós temos que parar com essa historinha que fulano é ladrão. Vai na Polícia, denuncia no Ministério Público, dá nomes! Não me coloque na mesma saca de quem saqueou a cidade – avaliou.

A fala de Evandro tinha mais de um endereço: os discursos de Eraldo e Katofa foram precedidos por um inflamado vereador Bororó (PSD), que não poupou nem o colega de partido Maninho Fauri. E o motivo é o arranjo para a disputa da Prefeitura, que também conta com o DEM.

– Em março eu conversei com o vereador Maninho, e o vereador sabia de tudo que aconteceu dentro do Executivo (gestão de André Pacheco). O vereador Maninho trouxe quase todos os investigados pela Operação Capital para a sua coligação. Sugiro (a Maninho) que vá a Canoas e convide o Sérgio Ângelo… falta só ele.. todos os que não prestam estão ao seu lado… desista dessa candidatura maluca – disparou Bororó.

Foi o momento mais tenso da noite, que teve repercussão pelo resto da reunião dos Nobres Edis. Maninho Fauri respondeu as referências de Bororó sobre as investigações do Ministério Público que afastaram o prefeito André Pacheco – atualmente no PSD:

– Quem é honesto não precisa ficar gritando aos quatro cantos. Nosso partido tem pessoas de diversas vertentes e condutas, e eu respeito o partido… pode ter pessoas que talvez não sejam de bem, mas quando a gente acusa alguém, tem que apresentar provas… inclusive a tua irmã estava até poucos dias nesse "governo corrupto" que tu falou que tem.

Ainda sobre Pacheco, Maninho justificou a negativa da Câmara em investigar o gestor impedido de seguir no cargo pela Operação Capital:

– A maioria deste plenário votou pela não abertura de comissão processante contra o prefeito André por entender que a Justiça é feita no Judiciário. A maioria dos partidos entendeu quem faz esse papel está lá do outro lado (Poder Judiciário). Lá tem gente que estudou para isso.

Os ataques respingaram até no ex-diretor da Câmara, Geraldinho Filho (PSB). O vereador Canelinha (PSDB) criticou a postura do político que é candidato a vice-prefeito na chapa de Maninho Fauri.

– O Geraldinho, ex-presidente do PSDB, sempre protegeu o André, e ao assumir como diretor desta casa, articulou ardilosamente a cassação do André. Vereador Maninho, Vossa Excelência está muito mal acompanhada! Serei incapaz… e tenho divergências muito sérias como prefeito André, mas fui secretário dele por dois anos. Não serei desleal e tornar públicas as razões que me fizeram sair do governo – encerrou Canelinha.

Apenas quando a sessão se aproximava de uma hora de duração, se falou em projetos. Victor Braga (PTB), que substitui Sérgio Ângelo, preso na Operação Pegadas, detalhou proposta para a área da Saúde para distribuição de medicamentos e fraldas geriátricas para pessoas com deficiência.

COVID-19 e transporte público foram citados. Até que Bororó voltou à tribuna.

– Há dois meses tinha duas raposas aqui dentro tentando comandar quem seria o prefeito. E hoje, vereador Maninho, essas raposas estão do teu lado, dando suporte pra ti – afirmou Bororó, em referência a Geraldinho Filho e Sarico Moura (MDB).

Maninho, é claro, rebateu:

– Estou focado em minha campanha… quando tentam atacar a imagem de um ou de outro, essa casa perde. Esta Casa está desmoralizada por essas atitudes. Se saíram (da Administração André Pacheco) porque tinha corrupção, por que não denunciaram? Tem muita gente aqui que responde a processos.

Aí, Evandro retornou:

– As batidas dos discursos nessa tribuna até 15 de novembro vão dar 90% do que diz a eleição… Esse processo vai servir para muita lavação de roupa suja – fechou.

O resumo que faço das duas horas e 14 minutos que duraram essa sessão, digo que Evandro está certíssimo. Os olhos dos vereadores agora estão voltados para a rua, pena que não da forma que a população espera. Por essas e outras cenas de combate de hoje e do passado, Maninho também tem razão, mesmo que de forma lamentável: a imagem do Legislativo se desgasta mais e mais a cada dia.

 

EM VÍDEO 

Bororó critica a coligação e o candidato a prefeito do próprio partido:

 

 

 

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