Recirculação e reutilização das águas drenadas de 1,4 mil hectares de arroz orgânicos plantados no Assentamento Viamão/Filhos de Sepé com a instalação de um equipamento tornou-se realidade no último dia 25 de novembro. A conclusão da obra de um levante hidráulico possibilita que a água retorne de um nível mais baixo para um nível mais alto voltando a irrigar as lavouras, resultando em economia hídrica para a Barragem das Águas Claras, que abastece a produção. A obra é a primeira que foi executada, de outras ações, para aprimorar o sistema.
“O reúso da água impede que ela caia na etapa final no Rio Gravataí, evitando que no período de semeadura do arroz aconteça a turbidez, fenômeno que ocasiona custo maior para a Corsan na ocasião da filtragem”, comenta Marthin Zang, agrônomo que cuida dos Recursos Hídricos da Associação de Moradores dos Filhos de Sepé (AAFISE).
“Com a recirculação das águas drenadas ocorre a filtragem natural e a precipitação dos sólidos suspensos. A água reaproveitada diretamente nas lavouras é cheia de fertilidade que, além de não prejudicar o arroz impede o desenvolvimento de plantas competidores, atuando portanto como um herbicida natural, explica Zang.
Para ele, o manejo eficiente dessa água na lavoura soluciona um problema ambiental, ajuda a barragem a acumular água no inverno e nos meses de outubro a março é liberado um volume de 300 litros por segundo diretamente no Rio Gravataí – acordo estabelecido entre o Incra, o assentamento e o Departamento de Recursos Hídricos (DRH), vinculado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), sem passar pelas lavouras, ajudando a abastecer a população local.
Gestão das águas
O assentamento Viamão/Filhos de Sepé tem 26 grupos de produção de arroz orgânico (formado entre três e dez famílias de agricultores) totalizando 1,4 mil hectares plantados neste ano, com colheita estimada para a próxima safra de 5,6 mil toneladas*.
“Em grande escala o processo de produção do arroz orgânico é pré-germinado (a semente fica mergulhada na água por um determinado período e germina antes do plantio)”, diz Zang. Para ocorrer eficiência desse processo foi acertada uma gestão compartilhada dos recursos hídricos entre a AAFISE e as unidades de proteção ambiental próximas ao assentamento – Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Banhado Grande.
“A associação definiu um sistema de gestão de águas e para fazer esse procedimento foram definidos prazos de plantio: por zoneamento por sistema de irrigação e por planos altimétricos, formados por nível (degrau) das lavouras”, destaca Zang.
Turbidez minimizada
Já o presidente da AAFISE e responsável pelo Projeto do Distrito de Irrigação, Osmar Moisés de Moura, conta que a obra do levante foi realizada com recursos próprios da associação no valor de R$ 200 mil e para minimizar a questão da turbidez (água com barro) que caía no Rio Gravataí. O levante é formado por um conjunto de bomba e motor, canos e tubulações auxiliares.
Paulo Heerdt Jr, chefe do setor de Meio Ambiente do Incra do RS, enfatiza que com a conclusão da obra do levante hidráulico, associada a um constante aprimoramento das boas práticas da lavoura por parte dos agricultores e a consolidação da gestão compartilhada dos recursos hídricos, é fato que haverá uma minimização da turbidez da água. “Como eventos benéficos, isso vai reduzir drasticamente o impacto dos resíduos de suspensão no rio”, afirma.
*informação corrigida em 15 de dezembro de 2017 às 16:20.






