#TBT da Dupla Gre-Nal | A vingança do placar eletrônico

Nas manhãs de domingo… esperando o Gre-Nal. O meu primeiro no estádio ocorreu há quase 21 anos. E foi num sábado à tarde! Meu tio conseguiu duas cortesias “vermelhas”. Ele, meu primo e meu irmão, gremistas. Meu pai, colorado. Daqueles críticos. Coube a mim a nobre tarefa de acompanhá-lo.

As entradas nos levaram para um local insólito: no lugar de arquibancadas havia legítimos bancos de praça. Pintados de vermelho, é claro. Não era na social, não era camarote. Área vip? Talvez.

O jogo válido pela "histórica" Copa João Havelange tinha outro emblema: a inauguração do placar eletrônico do Beiro-Rio. Inter, grifado em vermelho trepidante. O rival, porém, foi substituído pelas inicias GFPA, em verde. Eis mais um triste capítulo da grenalização estúpida e doentia – desta vez, em vermelho e branco.

Falta para o Inter. O goleiro Hiran deixa a meta. Perplexidade total. Ninguém sabia que ele, sequer, treinava. A bola flerta com o ângulo rival, mas caprichosamente se transforma em "pontapé de baliza" (em homenagem ao "saudoso" – para os flamenguistas -, Jorge Jesus).

Segundo tempo. Bola na área. Elivélton tenta a conclusão. A pelota bate em seu joelho e, sem querer, encobre o lateral Anderson Lima. A gorducha se oferece ao pé ruim do camisa 11. Placar eletrônico inaugurado. “Eu não devia ter ficado tanto tempo sem vir aqui”, arrepende-se Saulzão.

Os duelos entre Lúcio e Ronaldinho Gaúcho valeram cada centavo da pipoca superfaturada. O camisa 10 de chuteiras prateadas passava por um, dois, três. Parava em Lucimar da Silva Ferreira. Às vezes só com falta, é verdade. Outras, não parava nem no camisa 3. Ali estava a plêiade do futebol brasileiro. Genialidade em estado puro, aos 20 anos. Outro, dando aula como central, aos 22. Ambos, titulares tempos depois no Penta na Coreia-Japão!

Fabiano, o mesmo protagonista dos 5 a 2, em uma “galinhagem” com Danrlei na linha de fundo, é expulso. O ídolo gremista deve estar até hoje rolando em direção as placas de publicidade, haha! “A torcida aqui sofrendo e depois eles vão, juntos, para o Dado Bier”, disse meu pai, super bem informado. Será? Anderson Lima e Fábio Rochemback também foram expulsos.

Falta para o Grêmio. O dentuço ajeita a criança. Ela faz uma parábola literalmente na minha frente. O goleiro todo de amarelo e ostentando altura de 1,99m voa. Ela acorda a coruja. Silêncio quase total. “Arra, urru… O chiqueiro é nosso! “Arra, urru… O chiqueiro é nosso!”

Na época, as duas linhas de quatro ainda não eram rotina após as expulsões. O Colorado, então, cedia muitos espaços. Ronaldinho passou a flutuar entre as linhas, saindo da ponta. Desequilibrou. Warley marcou o segundo, dando números finais ao duelo.

Desde então, Saulzão nunca mais pisou no palco de Paulo Roberto Falcão e, futuramente, de Fernando Lúcio da Costa. “Assistir de casa é muito mais confortável”, defende.

Depois daquele dia, a Terra girou seis vezes no entorno do Sol. Às vésperas de um Natal, então, ele amanheceu dizendo: “Não vou nem olhar. Se for 4 a 0 pra eles está bom”, disse, ajeitando-se na poltrona.

Naquele domingo, porém, meu pai queimou a língua. Em doses Planetárias, diga-se de passagem. Literalmente. O velho Teixeira, de quebra, ainda deu o troco em Ronaldo de Assis Moreira, àquela altura duas vezes eleito o melhor do Mundo.

Eis o futebol e as suas deliciosas redenções. A pipoca amarga de hoje pode ser o manjar dos deuses amanhã.

O resto é história…

 

SAUL Teixeira

Jornalista

MTB 16.750

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