Terceira vitória seguida do Inter de Coudet sobre o Grêmio de Renato. Há dez anos os colorados não venciam três clássicos seguidos. Com o triunfo, a equipe revigora o sonho do Tetra. Atualmente, a distância para o líder do campeonato, Flamengo, é de sete pontos, sendo que os alvirrubros possuem dois jogos a menos.
Por outro lado na eterna gangorra Gre-Nal, o tricolor amargou a sexta derrota seguida no Brasileirão 2024. Agoniza na zona de rebaixamento sem nenhuma perspectiva de “Dias Melhores”. Também possui dois jogos a menos. O treinador, pelo teor da entrevista após o clássico, colocou o cargo à disposição. O presidente, por sua vez, disse que não haverá mudanças em nenhum posto do clube. “Vamos manter a convicção”, disse.
Entremos no campo. Eduardo Coudet, de fato, reciclou as convicções. Sem as principais individualidades de ataque, que estão na Copa América, trocou o futebol propositivo pelo jogo “possível”. Desta feita, terminou o clássico 442 com três zagueiros, laterais presos e Bustos na camisa 7. Antes, porém, repetiu a mecânica equilibrada da vitória contra o Corinthians. Mas segue insistindo com Wanderson, tendo Gustavo Prado no banco de suplentes.
No Grêmio, que tem grupo com bem menos opções que o tradicional adversário, talvez uma proposta um pouco mais defensiva fosse uma boa pedida para o clássico. Que jogasse por um empate. Mesmo que o mando de campo fosse azul, preto e branco. Renato optou apenas por trocar JP Galvão por Galdino e Carballo (sem ritmo) pelo suspenso Pepê. Sem o camisa 23, Edenílson ou Du Queiroz talvez legassem mais dinamismo e poder de marcação ao time. Até o jovem Ronald poderia entregar mais que o uruguaio camisa 8.
Dentro da lógica do Futebol Além do Resultado, o Inter “apenas” venceu e nada mais. Alan Patrick, embora decisivo no gol da vitória, jogou quase no sacrifício e, naturalmente, esteve longe da excelência de quase sempre. Com isso, Alário foi pouco acionado. Por sua vez, Wesley, uma vez mais, foi o protagonista. Pena a bola na trave na etapa final. O gol teria sido o “emblema perfeito” da atuação do camisa 21. Aránguiz também acertou a trave e, no momento, é reserva com justiça. Bruno Henrique tem jogado mais que o chileno.
No Grêmio, a falta de opções em qualidade e quantidade grita a cada 90 minutos. Além disso, o grupo parece ter sido “contaminado” pelo conformismo. “Jogos longe da Arena”; “Quarenta dias sem ver a família”; “O primeiro turno será assim mesmo”. “O torcedor precisa se acostumar com a realidade” (…) Eis algumas expressões proferidas por Renato nos insucessos recentes.
Gre-Nal não se joga, se vence! O Inter de Coudet foi cirúrgico no sábado. Se quiser sonhar com voos mais altos, porém, o time precisa render e produzir bem mais. No entanto, é inegável o mérito de estar “fazendo campanha” mesmo com as adversidades semelhantes às do tradicional adversário. Ainda mais sem Valência e Borré! A ausência de Rochet tem sido preenchida com louvores pelo veterano Fabrício – aliás, defesa crucial no gol incrivelmente perdido pelo lateral João Pedro.
Renato talvez precise buscar alternativas. Mudar na tática. Quem sabe três zagueiros? Ou três volantes? Ataque móvel com a velocidade de Pavón, Gustavo Nunes e Nathan Fernandes? Enfim, tentar fazer do limão azedo uma limonada minimamente digerível.
É momento de indignação no Grêmio. Talvez pudesse ter começado já no sábado com entrevista do Presidente Alberto Guerra. Não foi o caso. Pelo tom, parece que o tricolor é o líder da competição. Tem que implodir o departamento de futebol. Pra ontem! É preciso contratar com qualidade! Não tem cabimento um zagueiro ser improvisado como camisa 9 por total ausência de alternativas, por exemplo. Chutar a porta do vestiário é o mínimo!
Tem que elevar a cobrança junto ao grupo (principalmente internamente). A última vez que o Grêmio perdeu 18 pontos em 18 disputados foi no famigerado ano de 2004, que culminou com o segundo rebaixamento. O Grêmio está trocando a Imortalidade pelo conformismo, pela apatia, pela falta de sangue, pela (quase) indiferença. É surreal! É inadmissível. É irritante e revoltante.
Enquanto isso, talvez a gangorra esteja começando a virar após longo período de supremacia azul, preto e branco. Será??? É o que espera o lado vermelho da força.
Que venham os próximos capítulos!