Urbana

Ela era uma mulher nascida na capital. Urbana demais. Desde sua entrada nas salas de estudo da Universidade. Percorreu caminhos profissionais e conquistou título e amizades. Não era uma qualquer. Só não mencionava suas pretensões políticas. Mas era notadamente uma moça de esquerda.

Se compadecia com a pobreza e achava que um lugar ao sol é sempre necessário.  Atualmente  via a estrada mundial quedar-se para o empresariado que inspira e investe. Acha que todos indistintamente devem lutar por seus ideais. Acreditar em Deus e praticar o bem em todos os sentidos.

Acostumada com a correria das semanas , vivia  regada a bom humor  numa entusiasmada existência classe média. Se compadecia com os problemas estruturais do mundo, como a poluição, o desmatamento e a falta de alimentos. Vivia cercada de livros onde buscava alento para suas inquietações.

 Gostava de poesia porque abrandava a alma. As almas cansadas de negativismo. Os corações que sofriam amores doentes. E todas as mazelas que os poetas transformam em versos. Lindos e encantadoras palavras. Tão ao alcance dos livros, hoje digitais.

Gostava ainda de se intitular urbana. Administrava bem a correria dos grandes centros. Seus outdoors coloridos, seus shoppings e suas cabeças pensantes. Se surpreendia ao compreender a alma humana. E se decepcionava algumas vezes. Pessoas são poços de virtudes e também de defeitos.

 Conheceu alguém que a decepcionou amargamente. Era usuário de drogas e totalmente bipolar. Sua presença lhe fazia muito mal. Várias vezes o afastou de seus pensamentos, mas ele era insistente e atrevido. Quando ela  lhe disse adeus, teve certeza que ele era um representante do mal. E que se fosse um tubarão, a devoraria. A energia desta pessoa era um massacre para sua ingenuidade e para sua mente sagrada.

Foi atravessando a principal avenida da cidade que ela se viu benquista. Amou desde o chão onde pisava até o cheiro da poluição. Era urbana e procurava um restaurante para o almoço. Encontrou inúmeros.

 E também cafeterias com decoração de grandes gênios artistas plásticos. Não vivia numa aldeia. Vivia numa maravilhosa capital. E era ali que ela ficaria até seus últimos dias. Foi a missa, foi numa reunião espírita e só desejava ficar ali. Na cidade grande, onde nasceu, estudou e recebeu educação de seus pais.

Este lugar ela jamais abandonaria. Enquanto na vitrine de uma loja de cosméticos uma relação de perfumes encantou sua vida. Seu olfato delirou e ela teve a certeza que amava aquela cidade.Com tudo que representava. Com seus arranha-céus ,com aquele barulho de motores de aviões se aproximando e também com os perfumes de aromas orientais.(Ana D´Avila)

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