A UTI e leitos COVID de Viamão estão lotados agora como estiveram nos piores momentos da pandemia. Sem torcida ou secação, as coisas vão piorar. Basta olhar para hospital local.
Preparemo-nos para o verão da COVID.
(Eu, amigos e leitores podem ter estranhado minha ausência, mas desde domingo também estou na fila, com uma coroa de covidiota na cabeça, aceitando o resultado da minha ‘eleição’ entre os 6.436.650 de brasileiros infectados).
Vamos à ‘ideologia dos números’.
Nos últimos 15 dias, a média de ocupação diária na UTI COVID do Hospital Viamão é de 93,9%. Na quarta-feira (2), estava em 92%. Dos 25 leitos, 23 estavam ocupados e nas vagas fora de UTI, 10 de 12 (83,3%) eram utilizadas. Há folga apenas na disponibilidade de respiradores (12 de 25 estão ocupados).
Antes de seguir, reproduzo mais um trecho do ‘mapa da superlotação’, de acordo com o site oficial da Secretaria da Saúde do RS.
Fonte: SES/RS em 02/12/2020
É exponencial o crescimento da procura de atendimento nas unidades de saúde e no hospitais da região Mmetropolitana. A partir desse dado, cidades vizinhas, como Gravataí, já projetam lotação ainda maior no sistema de saúde local. O mesmo vale para as que geograficamente ficam no raio de cobertura – e na rota – do Litoral, como Viamão.
As prefeituras com juízo já anunciaram a suspensão de atividades de réveillon, mas a migração para a praia é inevitável no verão. Como o sistema de saúde litorâneo não suporta nem a demanda normal sem pandemia, vai sobrar para todo mundo. E vale lembrar que durante o ano inteiro de pandemia, pacientes de outras localidades foram internados aqui em Viamão. É natural então deduzir que o fechamento de leitos em hospitais de campanha de outros municípios gaúchos vai impacatar ainda mais a rede local.
O Governo do Estado busca novas estratégias, mas a atitude da comunidade é indispensável. E não adianta niguém torcer o nariz ou ficar bravo. A taxa de ocupação de UTIs covid no Rio Grande do Sul é a maior desde o início da pandemia.
Ao fim, não é segunda onda porque a primeira nunca terminou. A alegoria que faço é que o ‘platô’ de estabilidade acontece nas alturas do Morro Santana. Os 3.151 infectados e 202 vidas perdidas se dividem assim: março (4 casos, sem óbitos), abril (19 casos, sem óbitos), maio (50 casos, 5 óbitos), junho (285 casos, 10 óbitos), julho (749 casos, 63 óbitos), agosto (565 casos, 51 óbitos), setembro (475 casos, 19 óbitos), outubro (537 casos, 34 óbitos), novembro (467 casos, 20 óbitos) e até ontem, dia 2, nenhum novo caso anotado.
Como referi na abertura do artigo, com sintomas gripais que me derrubam por dias, estou infectado. Sou um dos covidiotas que circularam por aglomerações nas eleições.
E, antes que alguém culpe a ‘Senzala’ pela ‘segunda onda’, reporto que fiz a coleta na ‘Casa Grande’ da Unimed da Carlos Gomes, no chique Três Figueiras, em Porto Alegre, onde numa tarde de quarta-feira, somente nos 40 minutos que permaneci no local contei 106 pessoas em exame.
Provavelmente no Moinhos não está ninguém que frequenta as praças do Centro, da Santa Isabel, Martinica ou outros espaços de aglomeração de Viamão.
Números
A tenda de triagem do Hospital Viamão realizou 42 atendimentos nas últimas 48 horas. De 7 de março até 3 de dezembro, 298 casos foram confirmados, com 83 resultando em óbitos. Outros 522 pacientes foram testados e o resultado para coronavírus foi negativo.
Colaborou: Cristiano Abreu.
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