Leia de novo. Mais uma vez. Isso mesmo. Tramita na Câmara de Vereadores de Viamão um projeto de lei que quer reduzir em 30% o salário dos 21 vereadores do legislativo viamonense, mas se aprovada a resolução só entrará em vigor na próxima legislatura (2021–2024). Segundo o documento, proposto inicialmente pelo vereador Jessé Sangalli, mas que ganhou rápida adesão dos vereadores Evandro Rodrigues, Guguzinho Streit, Guto Lopes, Adão Pretto Filho e Rodrigo Pox, o vencimento dos legisladores cairia dos atuais R$ 9.388,62 para R$ 6.572,03. Somando os R$ 2.816,58 a menos em cada salário, se a proposta vingar, serão R$ 59.148,30 a menos por mês, ou R$ 768.927,90 por ano de economia.
No projeto de Lei, Jessé justifica que mesmo com a redução, os salários continuariam polpudos.
– Ainda é um valor extremamente digno e elevado ainda mais, levando-se em conta que os Vereadores podem exercer outra profissão concomitantemente à vereança. Este valor fica acima do que recebem, por exemplo, a enorme maioria dos concursados municipais – diz, além de explicar que só não fez o projeto cortando os salários dos vereadores desta legislatura, porque a legislação não permite.
Falando em permitir, se me permitem a opinião, caso esse reajuste seja aprovado será a primeira vez que o plenário Tapir Rocha verá os vereadores baixando seus próprios salários (os gurus da Câmara me corrijam se eu estiver errado). Minha pedra não é a ametista, minha cor não é amarelo, quiçá tenho alma de artista, mas não precisa ser mãe Diná para perceber qual será o argumento que os vereadores irão usar para derrubar esse projeto de lei: – Que é demagogia.
Muitos internautas (como eu gosto dessa palavra) atacaram os vereadores nas redes sociais, dizendo justamente isso, mas talvez em outras palavras: “Que bonito querer baixar salário e posar pra fotinho no Facebook as portas de uma eleição municipal”. Evandro respondeu um desses haters com algo do tipo “se faz não gosta, se não faz somos ruins”.
Bem vindo a política vereador, aqui é tudo assim. Nada, nem ninguém é unânime. Os vereadores que apóiam essa medida deveriam guardar energias para defender esse projeto no plenário, até porque ninguém gosta da ideia de ter os próprios salários diminiúdos, não é verdade?