Os vereadores negaram a abertura de impeachment do prefeito afastado de Viamão, André Pacheco. A ação popular (denúncia 004/2020) foi rejeitada por 12 votos contrários, dois favoráveis e três abstenções.
Quando da falta de energia elétrica que impediu a votação na quinta-feira (25), comentei o óbvio: na política, cada dia é diferente do anterior. Havia clima naquele dia. hoje não mais.
A César o que é de César:
– A oposição (PDT + PT) fez o que já ensaiava, ou seja, deixou a briga para quem criou resolver.
– Não se sabe se – ou também – pela influência do prefeito afastado, mas votos certos recuaram. Até o MDB, embalado por aliados da base governista, desistiu da missão de inviabilizar de vez Pacheco.
– A CPI que investiga os contratos na gestão da Saúde foi levada em conta. Ela ganha força a partir de agora como uma cartada que já estaria mais adiantada para tirar Pacheco do páreo político.
– Por falar em cartas, quem calculou os movimentos que resultaram na denúncia rejeitada hoje deve rever suas certezas. Ou contou mal, ou não soube vender o peixe.
– Russinho, visto entrando sozinho nesta tarde na Câmara, parece isolado. Interessado direto na degola do prefeito afastado, se atravessou a rua para conseguir votos pela abertura do impeachment, perdeu.
– Contam os bastidores que caciques estaduais do MDB tiveram de intervir. Teriam avisado sobre "não pegar bem" uma cassação neste momento. Se não é verdade, pode-se dizer que Russinho perdeu duas vezes na mesma noite, pois não foi atendido nem pelos seus próprios vereadores.
– O único que foi até o fim na briga particular com André Pacheco foi o PSDB. E ainda assim, apenas com o voto de Francinei Bonatto.
– Enquanto base e governo batem cabeça, a oposição assiste. Valdir Bonatto (PSDB) e Guto Lopes (PDT+PT) vão explorar o desgaste de Russo e aliados. O desfecho de Pacheco servirá para ambos, seja qual for – e em que tempo for.
OS VOTOS:
Favoráveis:
Jessé Sangali (Cidadania)
Francinei Bonatto (PSDB)
Contrários:
Maninho Fauri (PSD)
Dieguinho (PSD)
Armando Azambuja (PSDB)
Nadim Harfouche (PSL)
Belamar Pinheiro (MDB)
Evandro Rodrigues (DEM)
Edi Bagé (PSB)
Eraldo Roggia (PTB)
Fabrício Ollermann (MDB)
Igor Bernardes
Márcio Katofa (PSB)
Victor Braga (PTB)
Abstenção:
Adão Pretto (PT)
Guto Lopes (PDT)
Rodrigo Pox (PDT)
Ausentes:
Xandão Gomes (Republicanos)
Joãozinho da Saúde (MDB)
André Gutierres (PP)
Conforme o Regimento Interno da Câmara, o presidente Dilamar de Jesus (PSB) vota somente em caso de empate.
Entenda
A denúnica de improbidade contra Pacheco foi protocolada no Legislativo no dia 24 deste mês. A autora do pedido é uma estudante de 21 anos, moradora do município. Ela baseou a denúncia em trechos de apontamentos feitos pelo Ministério Público durante a Operação Capital – a Lava Jato de Viamão – que afastou Pacheco por supostas irregularidades em contrato de prestação de serviços de higienização e limpeza. Na argumentação ela cita irregularidades na formalização dos contratos e favorecimentos nos pagamentos.
A Operação Capital está em fase de investigação e perícia de provas coletadas. Pacheco, fora do cargo desde fevereiro deste ano, segue impedido de voltar para a cadeira de prefeito pelo menos até agosto.
Na fila
Este é o segundo pedido de impeachment de André Pacheco. O primeiro, em fevereiro deste ano, foi negado. E pelo menos outros três estão na fila.
