Delegação de atletas do Dojo Três Figueiras viaja para Brasília nesta quinta-feira, dia 5, para competição que reúne Brasil e mais seis países
Um grupo de sete atletas fará parte de uma delegação de 10 pessoas (com dois pais de atletas e Lilian Reis, CEO da escola) que representará Viamão no 15º Campeonato Sul-Americano de Karatê Kyokushin, que será realizado dias 7 e 8 de dezembro na Capital Federal, Brasília. É a maior representação de um dojo, e de um município, do Rio Grande do Sul. O estado terá um total de 16 competidores no evento que vai reunir mais de 350 atletas de várias cidades brasileiras e de mais seis países, e trará ao Brasil dois grandes mestres: O kancho Shokei Matsui, presidente geral da International Kyokushin Organization (IKO), e Shihan Gorai, diretor internacional da mesma organização. Mais a presença do Shihan Seiji Isobe, 9° dan, o mestre que trouxe o Karatê Kyokushin para América do Sul.
Cristiano Santos, sensei da Três Figueiras e praticante de karatê há pelo menos 30 anos, é um dos que vai competir no Kyokushin, em Brasília. Campeão do Sul-Americano na categoria Absoluto, em 2023, e campeão gaúcho categoria Veteranos e terceiro colocado no Brasileiro de Kumite Veterano, garante que vai entrar no tatame em busca do título maior. “Não é só levar os competidores, é preciso dar o exemplo”, afirma o sensei que, como atleta, também disputou o Campeonato Mundial realizado no Japão, no ano passado. “Foi uma experiência de vida única, o campeonato mais importante que já participei”, conta, com brilho nos olhos.

Histórias de vida
Dos sete atletas que vão a Brasília nesta semana, Renan Lomando, que vai disputar na categoria Juvenil, conta que começou a praticar karatê há cinco anos, com 10 anos, quando pesava 67 quilos. Hoje, aos 15 anos, é um atleta esbelto que tem 64 quilos. “Comecei não para acabar com o sobrepeso, mas para adquirir disciplina e hábitos de vida saudáveis, principalmente com a alimentação”, conta Renan, ao lado do pai e incentivador, o aposentado Urubatã Paim. “O Renan, hoje, é o melhor corredor da escola”, conta o sensei Cristiano.
Jade Flem, de 18 anos, que em Brasília vai disputar a categoria Absoluto Feminino, conta que foi levada ao dojo pelo irmão (hoje com 31 anos) quando tinha 10 anos. Fez aulas experimentais e chegou cheia de entusiasmo, em casa, afirmando que queria ser karateca. A mãe, Janaína Flem, não chegou a jogar um balde com água fria nas pretensões da filha. Mas disparou um “vamos ver”. A mãe conta que, cerca de duas semanas depois, foi com Jade ao dojo e se apaixonou.
Hoje, Janaina é praticante do esporte e até já ganhou o Campeonato Gaúcho de 2018, disputado na cidade de Canoas. A “mamãe-karateca”, como ela é chamada carinhosamente pelos atletas e dirigentes do Dojo Três Fiqueiras, vai ficar torcendo pela filha, Jade, na disputa do próximo final de semana no Planalto Central. “Claro que espero que ela se saia bem e volte com o título, mas já me sinto satisfeita só pelo fato de ela estar em um grande campeonato. Vai ser algo que ela vai poder contar para os filhos e netos, além de incentivar novas gerações de atletas quando falar da experiência adquirida”, comenta Janaína.



Henry Reis, campeão gaúcho e vice brasileiro neste ano, ambos os títulos pela categoria juvenil, terá sua segunda experiência em uma competição fora do rio Grande do Sul – a primeira foi em Minas Gerais. Ele se sente, literalmente em casa: “quero agradecer ao meu sensei e pai, Cristiano, a minha mãe Lilian (administradora da escola Três Figueiras), pelo apoio que dão a mim e meu irmão, e a todos que nos ajudam e dão força todos os dias”, afirmou, deixando evidente os laços familiares e o incentivo que teve, dos pais, para praticar o karatê e se tornar um atleta de ponta no esporte.
Coração na mão
O pai Urubatã Paim, aposentado de 62 anos, vai ficar em Viamão torcendo pelo filho, Renan Lomando, que vai entrar no tatame pela categoria juvenil. “Ver o filho em uma competição como essa, Sul-Americana, é uma satisfação muito grande porque representa a evolução do aprendizado que ele obteve no esporte. Vou ficar na torcida e confiante na delegação a quem vou entregar o meu filho”, comenta, sem admitir, porém, que vai ficar com o “coração na mão”. O filho não faz promessa por entender que o Sul-Americano “requer treinamento e foco. Vai ser difícil porque o nível é muito alto mas, ganhar ou perder, significa adquirir experiências”, diz o jovem atleta.
Janaina Flem, a “mamãe-karateca” e faixa amarela, também dá apoio incondicional à filha, Jade, que viaja nesta quinta para Brasília. A atleta comenta que o esporte, e não apenas o karatê, significa “vida, saúde, bem-estar. O esporte salva vidas, e está comprovado, cientificamente que, no caso do karatê, serve para prevenir o Alzheimer porque exige esforço, movimento, técnica e disciplina”, comenta. Sobre o que espera conquista em Brasília, diz que “a expectativa é ficar no topo e conquistar uma das duas vagas para o mundial de abril do ano que vem, no Japão”. Na categoria dela, Absoluto Feminino, as duas atletas com melhor colocação garantem passagem para a Ásia, no ano que vem.



O sensei e a CEO
O sensei Cristiano Santos, atleta veterano, pai e marido, brinca que só tem tempo para “comer, beber e dormir”, de segunda à sexta, tarde da noite. Sua rotina de aulas e treinamentos, inclusive aulas particulares, no Dojo Três Figueiras iniciam geralmente às 9h, e se estendem até tarde, as vezes depois das 22h. Ele entende que talvez por isso a escola que comanda tenha um bom nível de atletas, razão pela qual leva para o Sul-Americano, deste final de semana, a maior delegação do Rio Grande do Sul, representando Viamão e o Brasil. “Cada campeonato é uma competição diferente, com atletas diferentes. E os nossos competidores estarão no fim de semana em Brasília porque passaram, antes, por três seletivas diferentes”, destaca.
Sua esposa, Liliam Reis, se diverte quando diz que seu papel de CEO se divide entre as áreas administrativas, financeira, serviços gerais e “dar bronca” quando “alguém não está fazendo o que deveria ser feito”. Mas, quando fala sério, Lilian garante que o Dojo Três figueiras é uma grande família. “O nosso objetivo hoje é sermos reconhecidos pelo trabalho sério e de excelência que fazemos há nove anos, sempre no mesmo endereço. A nossa grande família é, por exemplo, a mãe que traz o filho ou a filha e acaba, ela mesma, treinando junto, tendo como meta os benefícios que este esporte dá para a saúde e a disciplina, algo que as crianças precisam muito diante do mundo altamente tecnológico em que vivemos”, completa.
JOVEM PROMESSA – Lucca Reis dos Santos, cinco anos, (que não estava na hora da entrevista feita pelo Diário de Viamão, na tarde desta segunda-feira, 2 de dezembro) é filho do sensei Cristiano e Lilian e já carrega vários títulos mesmo tão novo. Viajou com a equipe para Minas Gerais trazendo títulos importantes em sua categoria. A prática do karatê vem de berço:

Títulos 2024:
– Campeão Gaúcho Kumite
– Campeão Gaúcho Kata
– Troféu Revelação do Campeonato Gaúcho
– Campeão Brasileiro Kumite
– Vice-Campeão Brasileiro de Kata
“Com ou sem título, o importante é participar, porque é um ensinamento para a vida” – Urubatã Paim, pai do atleta Renan Lomando
Para saber
– Kyokushin – ou quiocuchin – é um estilo de caratê criado no Japão, em 1957, pelo grão-mestre Masutatsu Oyama.
– É praticado em mais de 100 países ao redor do mundo.
– Segundo seu criador, os golpes devem ser reais, pois só assim cada praticante sabe seu verdadeiro potencial.
– Oyama criou, então, uma nova forma de luta, acrescentando de volta a intensidade de contato própria do caratâ, em realinhamento com as origens marciais do Naha-te, do qual o estilo kyokushin descende.
– O termo “kyokushin” significa “aprofundar-se na verdade”.
Quem vai a Brasília



