Nos últimos dias me reaproximei de algo que gosto muito e que, por conta da correria do dia-a-dia (trabalho, relacionamento e outras necessidades), acabei deixando guardado num canto da minha casa – pra ser mais preciso, em uma mochila. Muitas vezes pensei em tentar a reaproximação e retomar essa relação que, por vezes, ficava esquecida. Sei que pode parecer estranho para a maioria que lê isso agora, mas estou falando do meu videogame.
Pode parecer infantil – e talvez realmente seja -, mas quem pode julgar? Desde que eu apertei o "on" no meu console do PS3 novamente, voltei a sentir um prazer que há algum tempo não sentia. Deve ser esquisito para alguém que não curte games ler ou me escutar falar isso, eu sei. Mas é uma sensação difícil de descrever até.
Dos tempos passados
Há alguns anos, talvez décadas, era bem difícil ver adultos "ligados" na tecnologia, principalmente no que diz respeito ao lazer e entretenimento, como percebemos hoje. Na época em que nossos pais tinham a nossa idade o mundo era outro, as necessidades eram outras e o que os satisfaziam eram outras coisas. Lembro-me de uma propaganda de um chocolate – acho que era chocolate, ou poderia ser de uma bolacha (biscoito), não lembro… – mas passava na TV há alguns meses: um filho encontra a versão adolescente de seu pai na cozinha de sua casa- em sua imaginação – e o escuta dizer o quanto era legal ter um walkman que poderia gravar horas de músicas, entre outras coisas que hoje nós consideramos coisas obsoletas. E pensando nessa propaganda, em meus pensamentos eu me vi participando de um comercial semelhante.
Imaginem, quando uma pessoa de quase 30 anos iria deixar transparecer que gosta de videogames? Nossos pais gostavam de algo que traziam a eles sensações semelhantes a que um videogame nos trás hoje, com certeza, mas não contavam com essa tecnologia que temos atualmente. A ocupação deles era outra, a diversão era outra… o mundo mudou, se transformou e abriu espaço para novas opções em todas as áreas. É… as coisas mudaram, mas as vezes não percebemos isso. E o fato de alguém que tenha a responsabilidade de sustentar uma família inteira – ou de pelo menos pagar suas contas – gostar de videogame não o torna menos adulto ou despreparado para encarar a vida, não o torna infantil. Como eu disse, os tempos são outros.
Ainda, o mundo "nerd" vem ganhando um bom destaque nos últimos tempos, inclusive com transmissões de finais de campeonato sendo assistidas por milhões de pessoas e até com transmissão para os fãs assistirem em uma sala de cinema… há pouquíssimo tempo eu mesmo não imaginava que isso seria possível.
Desde pequeno…
E essa minha paixão por games começou quando eu ainda era bem pequeno, uns cinco ou seis anos talvez, não lembro bem… mas o que eu lembro era dos joguinhos de Atari que eu adorava: River Raid, PacMan, Enduro, o jogo da galinha que tinha que atravessar a freeway, entre outros – e me deixem abrir um parêntese aqui, pois sei que não sou tão antigo assim para ser apaixonado por Atari, mas como minha mãe era muito nova – me deu à luz com 16 para 17 anos – e ela ainda tinha dois irmãos mais novos que ela, a diversão que o Atari proporcionava a eles acabou me "contaminando" – e eu gostei bastante.
Depois foi a vez de eu conhecer o Mega-Drive e o famoso porco espinho da Sega, o Sonic. Acabei pulando o Super Nintendo, mas nem por isso deixei de curtir jogos como Super Mario, Donkey Kong ou Top Gear… São tantos jogos que fica difícil escolher apenas alguns para nomear aqui.
Relembrar esses consoles e esses jogos me traz uma lembrança muito boa da minha infância, da minha família que se reunia todos os finais de semana – então eu, meu tio e meus primos passávamos jogando quase que o dia inteiro, mas, claro, depois de aproveitar para jogar bola quando o clima permitia ou, se estivesse quente, curtir uma tarde na piscina, entre outras coisas.
Evolução – na tela e no coração
Depois veio o Nintendo 64, com jogos como Diddy Kong Racing, Banjo Kazzoie, Super Mario 64, Zelda, Star Fox… mais uma vez me sinto mal por nomear alguns e deixar outros de fora. Cara, ainda lembro da sensação que era cada vez que ganhava um jogo novo e corria para desembalar o pacote e finalmente encaixar a fita no console e começar a jogar. Mas deixando isso um pouco de lado, quero destacar esses dois últimos nomes da lista.
Star Fox foi um dos jogos que eu mais gostei em toda a minha vida. Ainda hoje sinto vontade de me tornar o "Fox" novamente e sair voando por aí para salvar a galáxia de Andrews. Sempre que tenho uma oportunidade, eu jogo – mas faz muito tempo que não consigo. Eu poderia instalar no computador através de um emulador, mas não tenho um controle apropriado para jogar no PC, e aí fica complicado de jogar só no teclado. Voltando ao jogo, não sei por que eu gostava tanto dele. Talvez por me abrir a perspectiva de mundo aberto nos games – que nem era aberto, mas para mim, naquela época, era uma baita evolução. E diferente de Super Mario 64, eu podia pilotar aeronaves e detonar tudo que aparecia na minha frente, era muito legal!
Mas quero fazer o destaque para esse jogo da foto acima: The Legend of Zelda – Ocarina of Time. Foi o primeiro RPG que lembro de ter jogado num videogame – e foi amor à primeira vista. Sempre joguei para "zerar" a história, não deixar de coletar nenhum item ou arma especial – e isso foi assim sempre, para todos os RPG's que vieram depois. Zelda me abriu as portas para esse mundo e eu adoro vivê-lo.
Perdi as contas de quantas vezes "virei" e "revirei" esse game. Mesmo no PC eu tentei jogar, mas por não ter o controle, travei numa parte da história por não conseguir mirar um alvo corretamente com o teclado… mas não vou me repetir aqui.
Depois no Nintendo 64, passei para o PlayStation. E aqui começou minha paixão por outra franquia (um jogo de uma série que leva o mesmo título, mas que são histórias continuadas ou diferentes, mas que normalmente tem alguma ligação) de games de RPG: Final Fantasy. E a minha primeira experiência foi com o Final Fantasy VII – um jogo marcante, com uma história marcante e talvez um dos melhores desde que eu me lembre. Eram horas e horas jogando e sempre tendo dificuldade de avançar, seja pela dificuldade ou por ter que entender a história (que para mim era difícil, pois quando eu era mais novo não entendia a língua inglesa tão bem quanto entendo hoje). Mas eu gostava, aliás, gosto muito! Desde que eu joguei esse game, virei fã de jogos de RPG como um todo, não de apenas algumas franquias ou títulos únicos. E foi graças aos games de RPG que tive um bom desenvolvimento da minha compreensão do inglês: de tanto ler as legendas em inglês, ouvir os personagens falando e também por ter pesquisado muita coisa que eu não entendia, acabei aprendendo bastante coisa. Tanto que uma professora do colégio uma vez perguntou se eu havia feito algum cursinho extraclasse ou algo do gênero… ela ficou bastante surpresa quando respondi que não, mas que eu jogava bastante videogame e que por gostar de RPG eu prestava bastante atenção na escrita e buscava compreender para poder desenvolver a história corretamente, o que me ajudou a ter um bom entendimento do idioma – só não me peçam pra pronunciar nada, por que aí eu decepciono… hahahaha
Foi no PlayStation que eu tive um primeiro contato com outra franquia de games. Contato esse que se aprofundou com a segunda geração do console. Mas acho que isso vai ser assunto pra próxima coluna, afinal, não quero contar tudo de uma vez só. Quero lembrar aos poucos e reviver – pelo menos em minhas memórias – cada história de cada um desses jogos e tudo o que eles me proporcionaram desde a minha infância até hoje… e olha que tem muita história pra lembrar!