Parece simples o projeto do estreante vereador Adão Pretto (PT) que cria as feiras de orgânicos em Viamão. Na verdade, é muito maior do que isso
– O projeto das feiras é uma oportunidade para o produtor vender aqui o seu produto, direto para o consumidor – conta o vereador Adão.
– Hoje, eles tem que levar tudo direto para Ceasa, lá em Porto Alegre.
Para evitar não só os deslocamentos até a Capital, mas também para garantir preços mais justos para quem produz, Adão Pretto quer criar feiras de orgânicos cultivados em Viamão espalhadas por toda a cidade.
– Não é só no assentamento que tem orgânico. Tem produtor rural em toda Viamão cultivando alimento livre de agrotóxicos.
Ele chegou a mostrar para o Diário uma iniciativa que surgiu de uma das redes de apoio à sua candidatura: um grupo de vendas dos produtos pelo What'sApp.
– Uma vez a cada 15 dias vamos a uma igreja. Aí o pessoal pede e busca na igreja a sacolinha. A lista dos produtos vai para o grupo já com os preços e daí o pessoal sabe o que tem que pagar.
É bem mais do que parece
Nas últimas décadas, o crescimento do comércio formal de supermercados e o pouco tempo que as pessoas tem para irem a feiras fez diminuir o número delas nas praças da cidade. Em Viamão, a feira das terças-feiras no Centro é uma rara exceção: completou 25 anos em 2016.
Mas ali, não é só de orgânicos. Nem só de pequenos produtores.
Em reportagem produzida pelo Diário à época do aniversário da feira, a maioria dos feirantes buscavam seus produtos na Ceasa e, depois, revendiam em feiras. Em Viamão, Porto Alegre e Alvorada, principalmente.
A ideia de Adão é uma feira com gente daqui.
– Estância Grande, Fiúza, toda a nossa zona rural produz muito. Desde arroz até os hortifruti. A feira era uma chance de vender, mas também de melhorar a qualidade da comida que o pessoal põe à mesa.
Dados de 2015 mostravam que Viamão era a maior produtora de ovos da região. Só os números oficiais – não contam aqueles que criam galinhas no pátio e vendem os ovos para os vizinhos – davam conta que, há dois anos, mais de 6 milhões de ovos foram extraídos daqui.
A produção de alface, por exemplo, emparelha: só perde em número de pés para Gravataí.
Tem arroz orgânico, feijão, milho e até lentilha.
Só não tem para quem vender aqui.